Matéria / Polícia

Onda de crimes no Piauí: Executivo deve se relacionar com o Judiciário

Legislativo precisa fomentar a discussão e sair da inércia. Onde está a comissão técnica da área?

09/12/2016 | Edivan Araujo
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O que aconteceu nos últimos dias em Teresina com uma ‘tocaia’ a uma membro do BOPE, um show de assassinatos, e um tiro no olho de um jovem trabalhador numa loja que vende açaí na zona norte de Teresina, além de inúmeros outros casos, enseja que o Estado do Piauí (e aqui se trata da junção dos três poderes estaduais) passe a discutir de forma uníssona o que está a acontecer e o que pode ser feito para mudar a realidade atual e não deixar que ela saia mais ainda do controle. Todos têm inteira responsabilidade pelo que está nas ruas: uma criminalidade pujante. E de todos, o braço direto do Executivo chamado Polícia, talvez, mesmo com sua falta de estrutura, seja a que mais trabalha, e é a que mais apanha. Há, porém, uma ampla reclamação por parte desta mesma polícia de que ela prende e o Judiciário solta. Diante de tamanha onda de criminalidade que assola o território piauiense é urgente que os chefes dos três Poderes se unam, envolvendo representantes das polícias, de juízes da área criminal e deputados estaduais da comissão responsável pela Segurança Pública para discutirem o que pode ser feito. Tem se mostrado um absurdo a quantidade de armas de fogo de posse de bandidos pé de chinelo que não têm nenhum valor pela vida humana. O Estado e seus representantes são pagos para apresentarem respostas imediatas e não para se trancarem em gabinetes e quando surgirem ser em colunas sociais ou em colunas de jornalistas amigos com feitos que não condizem com as necessidades do momento atual. É desesperançoso se viver em um estado onde uma mãe se despeça de um filho que vai trabalhar, vai na academia, na farmácia, na padaria e receba a notícia logo depois de que ele foi assassinado ou mutilado. O que acontece em outros estados, se neles a criminalidade é maior ou não, paciência. Chega de comparativos. O que se quer saber é o que ocorre aqui no Piauí, porque o estado mudou ao avesso diante de marginais. Não é aqui a terra que deixa as pessoas felizes, segundo a propaganda governamental? Pois está na hora de levantarem o traseiro e começarem a justificar os seus salários e essa propaganda mentirosa. O momento é o de olhar para o território em que se mora e se atuar para que se possa discutir o que fazer para trazer paz à vida dos seus cidadãos. A sociedade precisa de uma resposta urgente sob pena de passarem a ver seus três poderes e confundirem com três patetas. Há uma inércia total frente ao que está ocorrendo. Há um desamparo total às polícias. Há um descaso total do Legislativo que aloca emendas suspeitas em fundações e associações num movimento de bate e volta e esquece da Segurança Pública. É preciso dizer basta. É preciso um esforço concentrado. É preciso levar a Segurança Pública a sério. Políticos ousam pedir votos, a usar a insegurança em suas campanhas, mas ninguém faz nada para resolver a situação em que se encontra o estado depois de eleitos. Cadê a Comissão da ALEPI da área técnica em questão que nada faz, só assiste ao circo pegar fogo? Cadê o Judiciário que não se manifesta sobre a acusação de que a polícia prende e a justiça - os juízes, soltam? Há inquéritos mal feitos? Porque se há é preciso se resolver a situação. Que Poderes são esses que parecem que vivem em um mundo a parte, separados demasiadamente entre si? Cadê o Executivo que não aparelha essas polícias e não faz campanha para retirada das armas das ruas, um dos maiores fatores criminológicos a contribuir com o aumento de homicídios, segundo estudos de renomados e notórios do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - com tanto dinheiro gasto com publicidade para fortalecer nomes que nada fazem, porque são só mídia?. Cadê o Estado, representado por uma máquina administrativa pesada ao cidadão pagador de impostos? Ele precisa aparecer! Todos estamos a viver em meio a uma sociedade doente, e nada está a acontecer. O Estado do Piauí não tem representado seus cidadãos pagadores de impostos à altura. Essa é a mais absoluta verdade. É difícil acreditar que o que o Piauí tem a oferecer a seus cidadãos é um bando de autoridades inertes. Mas é a realidade do desamparo estatal. Ora, para se medir a qualidade dos homens públicos do Piauí, basta olhar para os dois rios que emparedam Teresina e notar que mesmo assim, todos os dias falta água em grande parte da cidade. Água e segurança, essenciais à vida. O que assiste no Piauí hoje é vergonhoso, e só se vê politicagem (diferente de política série), além do que os que estão no poder só passam a imagem de que cuida dos seus apaniguados, muitos inclusive, corruptos.

Fonte: 180graus

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