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De vereadora à 1ª prefeita de Santana do Piauí; conheça a história política de Maria José

Sua carreira política foi iniciada antes mesmo de ingressar como candidata, pois sempre esteve envolvida nas ações sociais e públicas de Santana do Piauí.

27/01/2017 | Edivan Araujo
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Por Paula Monise

Nos últimos 27 dias a bacharel em Direito, professora e vice-prefeita, Maria José de Sousa Moura, de 48 anos, ganhou a atenção popular, midiática e política no Estado do Piauí ao se tornar prefeita de Santana do Piauí, município da região sertaneja que possui uma população estimada em 4.552 habitantes (IBGE, 2016). Maria José foi empossada prefeita no dia 01 de janeiro de 2017, devido o acidente automobilístico que tirou a vida do prefeito eleito, Francisco Raimundo de Moura, o Francisco Borges (PTB).

Desde então, a prefeita Maria José de Sousa Moura (PP) tem ganhado notoriedade e gerado expectativas não apenas na população santanense, mas de outras regiões. Diante deste turbilhão de acontecimentos tristes e significativos é comum questionar-se quem é Maria José por trás do cargo de prefeita? Qual sua trajetória política em Santana do Piauí? Quais rumos ela sonha para sua cidade?  

Maria José de Sousa Moura, ou simplesmente “Maria José de Nega”, é esposa, mãe de duas filhas, avô, professora e bacharel em Direito. São muitas definições e responsabilidades que são aumentadas e porque não dizer fortalecidas com a Maria José política: vereadora, vice-prefeita e prefeita.

Sua carreira política foi iniciada antes mesmo de ingressar como candidata, pois sempre esteve envolvida nas ações sociais e públicas de Santana do Piauí. Em 2004, lança-se candidata vereadora pelo antigo PFL, mais tarde Democratas,  conseguindo lograr êxito e, sendo, portanto a segunda vereadora eleita na história do município. De lá para cá conquistou a sua segunda legislatura em 2008 pelo PMDB, devido ao bom trabalho desenvolvido na Câmara de Vereadores.

Já adotando uma linha de oposição, em 2010, rompe com seu grupo político. E abraço um trabalho de oposição. Migra para outro partido e começa a fazer um duro trabalho de conscientização da necessidade de ter oposição no minicípio.

O ano de 2012 foi marcante e desafiador, Maria José disputa a sua primeira eleição ao cargo de prefeito de Santana do Piauí. Determinada em transformar a realidade do povo santanense encampou este sonho ao lado do seu grupo político, que era formado por agricultores e professores, pessoas simples que estavam insatisfeitas com a situação do município. Como ela mesma costuma definir esta fase da sua vida “ainda não era chegado o momento, não era a hora”, e realmente acabou não acontecendo. Ela não se elegeu, mas seu grupo político se fortaleceu elegendo 3 representantes para o Poder Legislativo.

Em 2016 talvez fosse o ano da vitória, o momento de conquistar o voto da maioria para comandar a cidade de Santana do Piauí. Ao lado do vereador Francisco Raimundo de Moura, o Francisco Borges (in memorian), parlamentar já eleito por dois mandatos e que por três vezes assumiu a presidência da Câmara Municipal de Vereadores, promoveram umas das mais acirradas disputas políticas. E o momento da vitória realmente chegou, por apenas 9 votos de maioria, foram eleitos respectivamente vice-prefeita e prefeito de Santana do Piauí. Ainda conseguiram o feito de eleger cinco vereadores, tendo portanto a maioria da Casa.

Este foi apenas um breve ensaio da história política de Maria José de Sousa Moura. As suas declarações sobre sua gestão, desafios, medo, deram a conotação dessa entrevista. Maria José nos recebeu na sala da residência de sua mãe, em Santana do Piauí. De maneira simples, ainda muito triste falou sobre tudo, especialmente sobre a grande e sofrida perda de seu companheiro-irmão, Chico Borges. Confira!

Repórter: Quem é a “Maria José de Nega”?

Prefeita Maria José: Sou uma pessoa simples, família, que gosto das coisas organizadas. Gosto de respeitar o direito das pessoas e por isto o meu desejo de ingressar na política por entender que a política vem para zelar pelo bem comum. Não sou uma pessoa diferente das demais, gosto de estar com minha família, gosto de estar com o povo de Santana do Piauí. Desde sempre minha família serve às pessoas através dos trabalhos de pastorais na igreja, minha família é muito religiosa, sempre procurando servir ao povo. Ingressei na política pela necessidade do meu povo.

Repórter: A experiência é o que engrandece nossas ações. Qual a experiência que você traz agora diante deste grande desafio que é lançado em sua vida?

Prefeita Maria José: A experiência que vamos adquirindo norteia nossas ações. Ter convivido com políticos experientes, com políticos dos quais eu tive o prazer de conviver como o ex-prefeito Chiquinho Borges, o ex-prefeito Manoel Borges, o ex-prefeito Deusimar Borges, e ultimamente a forma como o prefeito Chico Borges conviveu comigo durante o período de campanha e pós-eleição na preparação da nossa equipe, ela faz com que eu tenha bastante segurança para tomar as necessárias decisões. Confio na minha equipe de trabalho, pessoas gabaritadas e confio mais ainda no meu sonho que é fazer uma Santana melhor para todos.

Repórter: Você ingressou na política no ano de 2004, período que o pensamento cultural e a posição da sociedade frente a algumas questões não era tão “flexível” como agora. Nesta fase da sua vida você enfrentou algum tipo de preconceito por ser mulher e buscar ingressar na política?

Prefeita Maria José: Estar na política é um pouco difícil devido a tantos compromissos, mas estar na política sendo mulher é ainda mais difícil devido à cultura machista de que política é coisa de homem. A gente começa enfrentar o desafio dentro da família quando se lança candidata, mas a família também vem como um apoio, porque entendem que é isto que a gente deseja. E assim aconteceu comigo.

Repórter: No dia 01 de janeiro de 2017 você perdeu seu companheiro de chapa, o Chico Borges, aquele com quem nos últimos dias vinha mantendo um relacionamento próximo. O que este momento tem representado na sua vida já que a sua carreira política sofre uma modificação fulminante?

Prefeita Maria José: Traçamos metas para administrar a quatro mãos, seria um desafio dividido entre nós dois, cada um cuidando de um aspecto da administração. Por decisão do destino me vejo tendo que ocupar o cargo de prefeita, administrando os problemas do município, mas tenho uma equipe capacitada que tem nos dado todo alicerce. Esta data ficará marcada não somente na minha mente, mas de todos os santanenses que assim como eu [chorou] sonhávamos ver o prefeito Chico Borges ser empossado prefeito, porque ele sempre será assim chamado por mim.  

Repórter: Diante do desafio de ser vice-prefeita e prefeita de Santana do Piauí você sente algum tipo de medo?

Prefeita Maria José: Medo a gente tem sim, e temos que ter medo dentro de nós, porque faz com que nos tornemos prudentes em algumas ações. Mas tenho também a disposição de enfrentar os medos e assumir a nossa missão. Eu entendo o que houve com o nosso município como uma missão que nos é dada. Nosso desejo, mesmo enfrentando nossos medos, é atender às expectativas do povo e assim honrar a memória de Chico Borges, pois o nosso maior desejo era bem servir à nossa população. Mesmo ele não estando, eu tenho como compromisso, assumir a missão dele e a minha.

Repórter: Como tem sido este início de gestão?

Prefeita Maria José:  A população diante do acontecido está bastante triste e também se mostra preocupada com os destinos do município. Temos conversado com a população, atendendo a todos, colocando alguma estrutura já em funcionamento para atender os santanenses no início de mandato. A gestão que se inicia tem o slogan da nossa campanha, que é uma cidade melhor para todos. A população pode esperar o nosso empenho em fazer com que toda a estrutura administrativa esteja voltada para atender o povo de um modo geral, buscando o que há de melhor, mesmo nas dificuldades. O que formos fazer será bem feito. 

Nós já estamos tomando as primeiras providências para que o município comece a andar e a servir o povo. Os secretários, cada um em sua pasta, estão tomando as providências para o momento, para bem servir, fazendo uma avaliação do que nós estamos encontrando e organizando as ações para este início. Cada secretário fez um levantamento de como está encontrando suas secretarias, e o relatório será construído demonstrando o diagnóstico do município. A própria população também será sabedora deste diagnóstico, pois em breve será realizada uma audiência pública.

Fonte:Ascom

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