Leia depoimento de Ana Carolina Oliveira sobre provável concessão de benefício a Anna Carolina Jatobá, condenada a 26 anos de prisão pela morte de sua filha:
“Acho simplesmente um absurdo que a pessoa que comete uma atrocidade como essa, um crime que chocou não só eu, não só minha família, mas o país e até o mundo, esteja tão próxima da liberdade, ainda que provisória. Ela poderá conviver em sociedade, levar uma vida normal, poderá fazer algo que eu não posso há 9 anos e 3 meses, porque me foi tirado esse direito, que é chegar em casa e dar um abraço nos filhos.
Qualquer pessoa em sã consciência acha mesmo que esse curto espaço de tempo em que ela ficou presa [desde 2008] é suficiente para punir um crime tão bárbaro? Infelizmente, o meu nível de entendimento é muito pequeno e jamais chegará a esse patamar de aceitação. Sei que leis são leis e não tenho nenhum tipo de poder para mudar, mas tenho o livre arbítrio de não concordar e de me sentir chocada e penalizada.
Ela comete um crime hediondo, e a punição que temos para isso é a prisão. Esse tempo não é nem um pouco suficiente para que a pessoa passe a manter boa conduta, para que ela mude de uma hora para outra. Até porque não há nada que garanta que ela não possa fazer novamente a mesma coisa que fez contra a minha filha, ou qualquer outro tipo de crime tão horrível quanto esse.
Quantos presos não receberam esse beneficio e voltaram a cometer crimes? Quantos presos não obedeceram ordens dadas pela Justiça? Ela sempre foi muito bem orientada sobre como se comportar para conseguir esse se livrar o quanto antes da cadeia. Até porque a conduta que ela tem hoje, presa, é absolutamente diferente da conduta que ela tinha antes do crime.
Na minha opinião, quem tem inteligência acima da média não comete crimes e sim a utiliza para fazer somente coisas boas. Se pessoas como ela têm valores éticos e morais, onde estão? Como? De que jeito? Ela agora quer praticar o bem. Por que não praticou o bem sempre? A pessoa que se mantém no bem não sai dele facilmente por motivos banais. O bem atrai o bem.
Quem tem afetividade rasa não pode reincidir no crime? Realmente, eu não entendo como essas coisas (a progressão de pena) podem acontecer e isso me deixa bastante triste, de verdade.
Sei que ela tem filhos e que filhos precisam de seus pais, ou de alguém que cuide deles, que lhes dê bons exemplos e ensinamentos éticos, o que ela já não fez. Então, diante disso, a minha única esperança é que, com esse benefício, ela possa ter o mínimo de discernimento e possa educar seus filhos para que se tornem bons cidadãos, o que a mãe deles não teve capacidade de ser. Os filhos não têm culpa de atos cometidos pelos pais, e essas crianças merecem vida digna, vida do bem, com bons exemplos.”
Fonte: Veja