Pedagoga Mayra Rodrigues Rocha / Foto: Ascom

Por Paula Monise

A Comunicação é o meio de aproximação entre os atores sociais. Se comunicar bem, ser compreendido pelo outro é o desejo de qualquer indivíduo. Mas nem sempre esta ação é simples, especialmente quando em determinadas situações necessitamos se comunicar com uma pessoa que fala um idioma diferente do nosso, o francês por exemplo, e/ou quando precisamos transmitir uma mensagem para alguém que seja surdo/mudo.

Este desafio foi o que motivou a santanense e pedagoga formada pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) Mayra Rodrigues Rocha. Pensando na sua profissão enquanto professora, que lidaria diariamente com alunos de realidades e deficiências diversas, Mayra foi instigada a conhecer mais sobre a segunda língua oficial brasileira, a Libras, a língua utilizada pelas comunidades surdas.

 “A primeira vez que eu tive contato com a Libras foi na minha graduação. Sou pedagoga e por vários momentos discutimos sobre a formação desta sala interdisciplinar que o professor lida com realidade diversas. Então pensava comigo mesma caso chegue um aluno surdo na minha sala eu não sei como vou explicar o conteúdo. Foi a partir desta inquietação que iniciei minha primeira pós-graduação e surgiu a possibilidade de também fazer um curso na área”, explicou Mayra Rocha.  

O interesse em conhecer mais a fundo a Libras foi aumentando na vida acadêmica de Mayra, tanto que começou a se dedicar com disciplina para apreender a nova língua. A princípio a intencionalidade era agregar qualificações na carreira futura de professora, mas as experiências foram se tornando mais fortes, e és que Mayra começa a atuar com Intérprete de Libras.

A primeira experiência...

O primeiro papel como Intérprete de Libras foi na Igreja Catedral de Nossa Senhora dos Remédios, em Picos, durante uma celebração religiosa. À Mayra foi incumbida a função de interpretar a primeira Leitura. Algo que para ela seria simples, mas a experiência foi um pouco assustadora.

“Não foi como eu esperava. Essa experiência não foi tão agradável para mim e comecei a pensar se era realmente era isto que eu queria. Só consegui interpretar a primeira fase da Leitura e depois travei. Mas as amigas que fazem parte do grupo de intérpretes começaram a me apoiar, me estimulando a continuar que tudo daria certo. Foi aí que eu vi que era isso mesmo e comecei a estudar ainda mais, gravava áudios com a minha voz fazendo a leitura dos textos e tentava interpretar em casa até que peguei o ritmo”, afirmou Mayra Rocha.

O medo inicial foi diminuindo cada vez mais e os desafios e responsabilidades foram aumentando quando Mayra Rocha foi convidada a atuar como Intérprete de Libras na Unidade Escolar Coronel Francisco Santos, na cidade de Picos. Segundo ela, o desafio maior que tem encontrado é que os próprios alunos surdos não conhecem a Libras.

“O professor de Libras ensina os sinais, o que é essa língua e como é a forma de se comunicar. Enquanto o intérprete ele vai interpretar o que o professor dentro da sala de aula está falando.  Um dos grandes desafios é que as pessoas que são surdas elas não conhecem a Língua, aí as dificuldades terminam aumentando”, frisou.

E como pensa o futuro?

Mayra Rocha disse que realmente ama o que faz, que se sente realizada em poder ser um instrumento de comunicação para pessoas surdas. Sobre o futuro, Mayra destaca que continuará ajudando as pessoas ouvintes (que falam) a se comunicarem com pessoas surdas e vice-versa.

“Da maneira que eu possa ajudar tanto as pessoas ouvintes que somos nós a aprender essa nova língua, como ajudar o surdo interpretando a Língua Portuguesa sinalizada, a Libras para o surdo”, concluiu.

Em Santana do Piauí, Mayra Carvalho também já atuou como Intérprete de Libras durante a X Conferência Municipal de Assistência Social. A mesma ministra capacitações e dá aulas em municípios da macrorregião de Picos.