Um motociclista foi preso na noite dessa quinta-feira (24) em Jaicós, a 360 km de Teresina, com três equipamentos de GPS utilizado pelo Exército Brasileiro para fiscalizar o itinerário de pipeiros. Segundo o comandante do 25º Batalhão de Caçadores, tenente-coronel Nixon Lopes, o suspeito simulava o percurso de caminhões-pipa para fraudar a distribuição de água no sertão do Piauí.
"Já tinhamos recebido esta denúncia e desde a semana passada tentavamos fazer o flagrante. Por volta das 20h, policiais militares prenderam o motociclista com os equipamentos de monitoramento de três caminhões-pipa e encaminharam o caso para a Polícia Civil, que nos acionou", revelou o comandante.
Conforme Nixon Lopes, o sistema de monitoramento via GPS é entregue quando o pipeiro assina o contrato para prestar o serviço e concorda com as normas do Exército. Com o uso do G-Pipa é possível fiscalizar se o caminhoneiro coletou água no manancial autorizado (com água potável) e fez a distribuição correta.
"O pagamento do serviço é feito com base nos dados enviados pelo equipamento. No entanto, para fugir desta fiscalização os pipeiros retiraram os equipamentos dos caminhões e colocam nessa moto, para que ela cumprisse o itinerário, porque a intenção deles era não entregar a água", comentou.
Após a prisão do motociclista, o dono de um dos equipamentos foi preso em flagrante durante a madrugada. Os dois foram autuados por crime de estelionato e o caso será encaminhado para a Polícia Federal, já que o pagamento da Operação Pipa é feito através de recurso público da União.
"Estamos investigando o caso, porque acreditamos que isto pode ser a ponta de algo bem maior, uma fraude que vem sendo realizada no interior do estado. Os outros dois pipeiros ainda não foram localizados e a expectativa é que outras pessoas sejam flagradas da mesma forma", informou o delegado de policiamento do interior, Everton Ferreira.
Mais denúncias
Desde março, o Exército intensificou a fiscalização de pipeiros nos municípios do Piauí, após denúncias de que eles estão seguindo rotas diferentes ao determinado pelo contrato. Além de não cumprir com o roteiro, os motoristas contratados teriam dois empregos, o que inviabiliza o cumprimento do acordo, e abastecendo os carros-pipa com água imprópria para o consumo.
Outra denúncia grave refere-se ao fornecimento de água não potável. Pipeiros estariam abastecendo os carros em mananciais não aprovados pelas Coordenadorias municipais da Defesa Civil para diminuir o tempo de viagem.
Segundo o tenente-coronel do Exército Nixon Frota, a operação carro-pipa atende 61 municípios piauienses e atinge uma população de 200 mil pessoas. O público alvo do serviço são famílias que necessitam desta água, em alguns casos esta é a única fonte potável.
Fonte: G1 Piauí