A “clonagem de vendedor” é o novo golpe no Piauí e acontece assim: um golpista se passa por vendedor e anuncia a venda de motos usadas no OLX, que é um site nacional de vendas. No Estado, os golpistas estão usando um vendedor da CN Motos, situada em Campo Maior ou outro município piauiense.
O golpe já rendeu inúmeras vítimas e coloca em risco a vida dos vendedores; e já chegou ao conhecimento da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática.
Os estelionatários usam imagens extraídas das redes sociais do vendedor, como registros de entrega de motos e reuniões com clientes e até fotos de família,. Eles fingem ser o vendedor e concluem a venda pedindo um depósito, afirmando que a moto será entregue na residência do comprador. Tudo na maior praticidade.
Os anúncios são cheios de facilidade. Dentre elas, o valor abaixo do preço, sem restrições para negativados e a compra acontece na promissória em até 24 meses.
Vendedor clonado
Um dos vendedores clonados é o Denilson Santana. Ele trabalha na CN Motos há três anos, mas, agora, se um cliente chega a sua procura, o segurança fica de olho para evitar agressividade por parte do cliente, que pode ser um dos enganados pelo falso vendedor.
“Normalmente a pessoa pensa que sou eu mesmo, mas quando ela chega na loja, a gerência explica o que está acontecendo, e só quando mostram o boletim de ocorrência a pessoa entende que caiu em um golpe”, diz o verdadeiro Denilson.
“Isso está afetando na minha produção de vender e também estou sofrendo calúnia nos grupos. Tem gente que está postando em vários grupos minha imagem dizendo que sou picareta, que estou enrolando, e eu tenho que me defender nesses grupos dizendo o que está acontecendo, dizendo que são criminosos que estão se passando por mim. Já cheguei a ser ameaçado até de morte mesmo”, lamenta o vendedor.
Existem áudios em que uma mulher fala que Denilson é um estelionatário. Para o verdadeiro, a carreira e vida ficam ameaçadas e a credibilidade da loja arranhada por um golpista ou, até mesmo, por uma quadrilha, pois o falsário pode não atuar sozinho.
Denilson foi um dos vendedores que teve a identidade clonada pelos golpistas (Imagem: reprodução/internet)
Vítima
Os bandidos “vendem” pedindo um depósito de entrada em uma conta bancária para garantir o negócio e prometem que a moto chegará em casa. Somente depois que a moto não chega, é que os clientes vão se dar conta que foram vítimas de um golpe e ficarão no prejuízo.
Edson foi uma das vítimas e contou como caiu no golpe. Ele chegou a depositar R$ 1.500 na conta divulgada pelo golpista, mas só percebeu a armadilha horas depois, quando a "moto a domicílio" não chegou.
“Ele estava fardado, postava foto no whatsapp e não tinha como eu desconfiar. Todo dia ele colocava uma foto diferente, colocava foto de plano, eu entrei e tinha o site da CN Motors, tinha tudo, o endereço lá do local em Campo Maior”, declarou a vítima.
Golpe continua
Os depoimentos se espalham como rastilho de pólvora, e o falsário continua agindo. Nesta segunda (24) o perfil já foi atualizado com outra foto do Denilson. O gerente da CN Motors passa o dia em reuniões com advogados em busca de uma alternativa para evitar que a sua imagem continue sendo usada neste golpe.
A primeira medida foi alertar os clientes e usar as redes sociais para informar que a empresa é apenas mais uma vítima disso tudo.
"Nós estamos impulsionando nas redes sociais um comunicado sobre o ocorrido para que os consumidores fiquem bem atentos com essas ligações por meio dos sites. Estamos atuando na nossa defesa, tentando minimizar, mas a gente sabe que não é fácil", argumenta o gerente da loja, Jairo Mazuart.
O Delegado Daniel Pires, Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, alerta que mudaram a forma, mas o golpe continua sendo o estelionato. Até o momento, não há investigações em andamento sobre o ocorrido.
"Há nas nossas atribuições aqui, crimes de informática, mas há crimes também que ocorrem também em ambiente virtual são os crimes normais que hoje estão ocorrendo no virtual. Aqui na delegacia há uma grande demanda de pessoas nos procurando por serem vítimas de crime de estelionato que se perpetua no ambiente virtual".
A produção de jornalismo da TV Cidade Verde entrou em contato com o falso vendedor, mas ele desligou a ligação após o jornalista insistir em ver a moto antes da transferência bancária e fechar o negócio.
Veja a matéria completa no vídeo acima ou por meio do aplicativo CV Play.
Por Carlienne Carpaso e Lyza Freitas
Fonte: Cidadeverde