Um agricultor piauiense descobriu que era vítima de estelionato ao receber uma ligação de uma telefonia oferecendo planos para a sua empresa.
A vítima, identificada como Jair, após negar ser empresário e receber informações cadastrais pela operadora de telemarketing, inclusivo do número do CNPJ, foi até a Receita Federal e desvendou o golpe.
Em sua ficha cadastral, Jair é proprietário da empresa Casa do Criador, instalada no município de São Raimundo Nonato, região Sul do Piauí, na área de "comércio varejista de medicamentos veterinários".
O detalhe do email cadastrado revelou a autoria do crime. O golpista, identificado como Arthur, teve acesso aos documentos da vítima quando ofereceu a ele a oportunidade de trabalhar na empresa que iria abrir no município, na revenda de gás e água mineral. Meses depois, Arhtur disse a vítima que não seria mais possível abrir a empresa.
A vítima registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Regional de São Raimundo Nonato. A empresa com o nome de Jair só existe no papel.
"Eu já instaurei o inquérito, indiciei e remeti à Justiça. Ele (Arthur) foi indiciado por estelionato, e irá responder em liberdade porque não foi flagrante, e ele era réu primário, não preenchia os requisitos. Ele alegou que não foi ele. Que pegou os documentos, mas depois o emprego não deu certo. Mas ele fez porque o e-mail e o telefone de contato (no cadastro da empresa com o nome do Jair) era do Arthur. Foi um absurdo o que ele fez com o rapaz, que é uma pessoa humilde", comentou a delegada que presidiu o inquérito, Chyntia Verena.
Outros dois homens que entregaram a cópia dos documentos pessoais ao Arthur, junto com o Jair, na promessa de serem contratados para uma vaga de emprego, também prestaram depoimento à polícia com receio de serem vítimas de algum ato ilícito.
Os documentos foram entregues ao Arthur em 2016. A abertura da empresa Casa do Criador em nome de Jair ocorreu no dia 09 de setembro de 2016. Já a ligação da operadora de telemarketing com o lavrador só ocorreu em junho deste ano.
"Segundo a vítima, esse veterinário da cidade pediu os documentos dele, do tio e do primo dele, dizendo que iria arrumar emprego para eles. E ficou com os documentos deles. Passado algum tempo, agora ele descobriu porque ligaram da telemarketing da OI oferecendo planos para empresa. Ele disse que não tinha empresa. Foi só assim que identificaram a relação desse veterinário com o golpe", ressaltou a delegada.
Reprodução/Documento/
Em depoimento, o réu alegou inocência. Um trecho do documento relata que "se tem alguma empresa no nome de Jair, não foi ele que abriu, pois (ele) tem um pet shop aberto em seu nome e uma casa de ração em nome de sua esposa (...) Portanto, não havia necessidade de outra empresa, que o nome Casa do Criador é um nome comum". O réu também afirmou que abriu uma empresa em data anterior ao documento da empresa com nome de Jair, e que não recebeu os documentos por e-mail ou nas empresas.
Delegada Cynthia Verena
Por Carlienne Carpaso
Fonte: Cidade Verde