Matéria / Polícia

PF prende quatro suspeitos de hackear celular de Moro

A ação foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.

24/07/2019 | Edivan Araujo
Ministro da Justiça, Sergio Moro. / Foto: Reprodução

A Polícia Federal abriu a Operação Spoofing nesta terça-feira, 23, e prendeu quatro suspeitos de invadir o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro. A ação foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.

Além de Moro, procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná foram hackeados. Supostos diálogos mantidos no auge da investigação entre eles e o então juiz Sergio Moro foram vazados e publicados pelo site The Intercept. Moro e os procuradores não reconhecem a autenticidade das mensagens a eles atribuídas.

A PF cumpriu quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em São Paulo, em Araraquara e Ribeirão Preto. Os mandados foram cumpridos pelo delegado da PF Luiz Flávio Zampronha, que investigou o escândalo do Mensalão.

"As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados", informou a PF.

Spoofing, segundo a Federal, é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é. A operação mira uma "organização criminosa que praticava crimes cibernéticos".

Moro teve o aparelho celular desativado em 4 de junho, após perceber que havia sido alvo de ataque virtual. O celular do ministro foi invadido por volta das 18h. Ele só percebeu após receber três telefonemas do seu próprio número. O ex-juiz, então, acionou investigadores da Polícia Federal, informando da suspeita de clonagem.

O último acesso de Moro ao aparelho foi registrado no WhatsApp às 18h23 daquele dia.

Invasão: Paulo Guedes e Hasselmann

A Polícia Federal também informou nesta terça-feira, 23, que vai investigar a suposta invasão de hackers nos aparelhos celulares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar disse que teve seu telefone celular clonado na madrugada de domingo, 21. Já o celular do ministro teria sido hackeado na noite desta segunda-feira, 22.

A apuração sobre o caso envolvendo a deputada Joice está mais avançada. Assim que tomou conhecimento da invasão, na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, determinou que a Polícia Federal abrisse uma investigação para apurar o caso. A denúncia feita pela deputada foi encaminhada à corregedoria da PF, que decidiu abrir um inquérito para apurar a invasão. 

Sobre a possível invasão do celular de Guedes, a assessoria do Ministério da Economia disse que, na noite de segunda-feira, 22, o celular do ministro havia sido hackeado. Em mensagem distribuída a jornalistas, a assessoria pediu que mensagens vindas do número de Guedes e de outras pessoas do gabinete fossem desconsideradas.

Nesta terça-feira, em outra mensagem divulgada à imprensa, a assessoria de Guedes disse que está sendo apurada a possível invasão do telefone do ministro e informou que um ofício seria enviado ao ministro Sergio Moro pedindo que o caso fosse investigado pela PF. A reportagem apurou que, até o início a tarde de hoje, nenhum comunicado formal da invasão do celular de Guedes havia chegado à PF. A instituição, no entanto, já se movimentava para começar a investigar o caso envolvendo a invasão do celular do ministro assim que isso fosse determinado por Moro. 

Clonagem 

No caso de Joice Hasselmann, a deputada afirmou que seu aparelho foi clonado na madrugada de domingo. Em vídeo publicado em suas redes sociais, a parlamentar diz ter recebido ligações de seu próprio número, como ocorreu com o ministro Sergio Moro, que teve o celular invadido em junho. 

Para ela, o criminoso responsável pelo ataque é "provavelmente da mesma gangue que invadiu o celular de Moro" e de procuradores da República. No vídeo, a deputada relata que houve encaminhamento de mensagens em seu nome pelo aplicativo Telegram "Procuraram um jornalista bastante conhecido no Brasil, o jornalista Lauro Jardim", disse. 

Joice também disse que não usa o aplicativo de mensagens desde a época da campanha. "Acontece que eu não uso o Telegram, não uso o Telegram para fazer ligações, tem uma ligação internacional aqui que eu não faço ideia de onde seja, e algumas ligações aqui de mim para mim mesma, exatamente o que aconteceu com Sergio Moro", afirmou, contando ainda que já comunicou o presidente Jair Bolsonaro e Moro sobre o ocorrido.

A deputada pediu ainda que "fiquem de olhos e ouvidos atentos" sobre qualquer mensagem que possa circular em seu nome, já que, para Joice, irão "usar todo o tipo de sujeira para tentar manchar" o seu nome. 

"Isso é caso de polícia. Esses bandidos precisam ir para a cadeia, vou desativar o celular, mas peço que todos vocês fiquem de olhos e ouvidos atentos e orelhas em pé pra qualquer mensagem que possa circular por aí em meu nome, porque certamente vão usar todo tipo de sujeira para tentar manchar o meu nome", afirmou em vídeo.

Fonte: Estadão Conteúdo 

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