O secretário estadual da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), Zé Santana, afirmou que o Nordeste vem sofrendo com desatenção do Governo Federal em relação as políticas assistencialistas, como o Programa Bolsa Família. Para o gestor, o posicionamento tem relação direta com os governadores que estão alinhados com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou não.
“Por coincidência ou não são exatamente os estados que são governados por aliados do presidente Jair Bolsonaro, ainda que com condições financeiras melhores e com fila bem menores tiveram a possibilidade maior de entrada de novos beneficiados”, declarou Santana.
Do total de 844.3 mil nordestinos que têm o direito, mas não recebem o Bolsa Família, pelo menos, 55.6 mil estão no Piauí. O secretário frisou que, enquanto a fila no Nordeste foi a que mais cresceu, houve uma abertura maior para que novos beneficiários fossem inseridos no programa em outras regiões menos empobrecidas do país.
Zé Santana explicou que o Governo Estadual diante do cenário, que ele chamou de “discriminação”, acionou a Defensoria Pública e tentava resolver a situação administrativamente. No entanto, sem sucesso. Em maio, o governador Wellington Dias (PT), presidente do Consórcio Nordeste, chegou a encaminhar um ofício ao ministro da Cidadania, João Roma Neto, mas também não obteve respostas.
“Por um determinado período não se inseria ninguém do Nordeste e se inseria em grande número pessoas de outras regiões. O Nordeste lamentavelmente é onde tem a maior dificuldade, é atingido por secas de forma drástica. Com muita insistência, até de forma de forçada, estamos passando para não termos essa discriminação com o Nordeste, para passar a ter um tratamento igualitário”, pontuou.
Para Roberto Oliveira, gerente do Cadastro único e Bolsa Família, ainda não existe previsão para uma melhorias na situação da fila. Roberto frisou a preocupação com fato do Governo Federal estar trabalhando para emplacar a proposta do Renda Brasil, o que informalmente é chamado de Novo Bolsa Família, sem apresentar um orçamento robusto para a atual conjuntura demanda devido as consequências econômicas da pandemia de Covid-19.
“Não sabemos o valor do benefício, quantas famílias serão atendidas ou o valor de porta de entrada. Ou seja, não diz muita coisa. O Governo ainda fala que para emplacar o novo Bolsa Família ainda precisa aprovar o parcelamento de precatórios. Ou seja, não temos nada a médio e longo prazo que possa combater a pobreza extrema”, avaliou.
Por Paula Sampaio
Cidadeverde.com