A pneumonia nosocomial ou hospitalar, causada pela aspiração de microorganismos de origem bucal, é a principal responsável pelo alto índice de mortalidade em Unidades de Terapia Intensivas, correspondendo ao percentual de 20 a 50% dos óbitos, ocorrendo principalmente em pacientes intubados. Devido a preocupação com esses índices, foi aprovado no Senado Federal, no último dia 2 de outubro, projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade da atuação de odontólogos nas equipes da UTI.
O Projeto de Lei nº 2.776 tramita desde 2008 no Congresso Nacional obriga os hospitais e clínicas, tanto públicos como privados, a contratar profissionais de Odontologia com qualificação para atuar na área. Após aprovação no Senado Federal, o projeto aguarda sanção presidencial para entrar em vigor.
A partir da sanção, os órgãos e entidades de controle social dessas atividades poderão aplicar penalidades nos casos de descumprimento das regras prescritas legalmente.
Seguindo a tendência nacional de cobrança da necessidade de um profissional de odontologia nas unidades intensivas, o Conselho Regional de Odontologia do Piauí (CRO-PI) criou uma Comissão de Odontologia Hospitalar e Medicina Oral que visa, por meio do apoio político, a legalização do serviço odontológico junto às equipes de UTI nos Hospitais do nosso Estado.
A pneumonia nosocomial e outras patologias sistêmicas oriundas das infecções bucais vêm preocupando os profissionais da Odontologia e vários trabalhos mostram que o controle das infecções bucais é responsável pela diminuição dos eventos de pneumonia, do tempo de internação e custos hospitalares, fato que, segundo especialistas, comprova a importância dos dentistas como membro da equipe multidisciplinar das UTIs para o controle das inúmeras infecções.
Segundo o Prof.Dr. Wagner Leal Serra e Silva Filho, pioneiro no assunto no Piauí e coordenador do Departamento de Odontologia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira no Piauí (AMIB-PI), a principal razão para que essas infecções existam é que a internação é um evento que resulta na diminuição da higiene corporal e bucal dos pacientes, aumentando em 40% o acúmulo de placa bacteriana nos dentes, língua e mucosas e em 70% a aspiração do conteúdo oral.
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Fonte: JORNAL O DIA