A quantidade de óbitos maternos, fetais e infantis é uma denúncia clara da desigualdade social no país, comentou a coordenadora estadual de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), Alzenir Moura Fé, durante o II Seminário de Aprimoramento das Ações de Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal, realizado ontem, em Teresina.
Somente no Piauí, segundo a coordenadora, a morte materna tem uma razão de 92.2% a cada cem mil nascimentos/vivos. A Organização Mundial da Saúde ÂÂ aponta que qualquer valor ÂÂ acima de 40 óbitos a cada cem mil nascimentos/vivos é considerada alta, apontou a coordenadora estadual. Além disso, Alzenir Moura Fé relatou que quase todos os óbitos ÂÂ maternos acontecem em mulheres que recebem até três salários mínimos, com ÂÂ baixa escolaridade, problemas de saúde e má qualidade de vida, incluindo a alimentação. As principais causas dessas mortes são as eclampsias, hemorragias, infecções pós-parto ou da realização de abortos não-seguro.
Com relação à taxa de mortalidade infantil e fetal, a coordenadora declarou ÂÂ que as ocorrências também são reflexos da má distribuição de renda, dentre outras questões sociais no país. “90% dos casos de mortalidade infantil poderiam ser evitados se houvesse uma melhor assistência ao pré-natal, ao parto, e de melhor qualidade de vida das mulheres gestantes”, destacou Alzenir Moura Fé.
Em boletim, a Sesapi informou que o número de óbito infantil, em 2012, no Piauí, foi de 778 óbitos para 1.000 nascidos vivos. Desses, 556 foram considerados evitáveis, sendo 39% evitável por adequada atenção à gestação, 26% por adequada atenção ao RN e 14% por adequada atenção ao parto. “Essas mortes acontecem devido às concepções perinatais ligadas à qualidade de assistência a saúde da mulher, anomalias congênitas, infecções, problemas respiratórios e doenças sexualmente transmissíveis – passados de mãe para filho – como a Sífilis”, disse Alzenir Moura Fé.
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Fonte: JORNAL O DIA