Faltam dois dias para que as emissoras de televisão e rádio de todo o país passem a transmitir o horário eleitoral gratuito. Entre os eleitores, uma divergência: há quem assista com assiduidade a propaganda eleitoral e use esse instrumento para decidir o voto, mas tem também aquele eleitor que não acompanha o horário eleitoral e já tem o voto definido, por acompanhar a trajetória política do candidato que escolheu votar.
De acordo com o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o horário eleitoral gratuito será exibido no rádio e na televisão durante 45 dias, até a antevéspera das eleições que, nesse ano, acontecem no domingo, dia 5 de outubro. O artigo 47 da Lei nº 9.504/9 determina que as emissoras de rádio, de televisão aberta e os canais de televisão por assinatura destinem horário para a divulgação, em rede, da propaganda eleitoral gratuita obedecendo o tempo proporcional das coligações, determinadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de casa estado.
No Piauí, as coligações ‘Piauí no Coração III’, ‘G12 é Piauí’, ‘A vitória com a Força do Povo’, ‘Por um Piauí Ético e Sustentável’ e ‘O poder popular na construção do socialismo’ disputam às eleições gerais de 2014. Respeitando o tempo igualitário, serão em média 44 segundos de exposição. Já o tempo proporcional vai variar entre seis minutos, o maior tempo, e 12 segundos entre os menores tempos.
O cientista político Vitor Sandes confirma que o horário eleitoral gera o efeito de convencimento, mas essa consequência está condicionada ao uso que o eleitor faz da informação transmitida pelos candidatos. Vitor Sandes reforça que o eleitor precisa de informação para embasar suas escolhas. “O voto é uma decisão que influencia em bens sociais coletivos e, nesse contexto, as estratégias usadas para comunicar o eleitor precisam ser muito bem planejadas”, destaca.
Vitor Sandes considera também que o maior ou menor tempo pode não ser decisivo para conquistar o eleitor. “O objetivo do candidato é colocar o seu nome para o eleitor. O tempo mais estendido, se não for bem utilizado, nem sempre é elucidativo. Existe também o fato de que muitos eleitores não têm tempo de ver o horário eleitoral gratuito e, por consequência, as propostas dos candidatos”, avalia.
Vitor Sandes avalia que, em geral, o eleitor piauiense não é vinculado a ideias e são seletivos na informação que querem receber. “Outro caminho que nessa eleição deve ser aproveitado, para repercutir o que é exposto na televisão e no rádio, são as redes sociais. Os canais de comunicação que levam as mensagens dos candidatos ajudam o eleitor a entender os posicionamentos de seus candidatos, mas é importante que ele busque outras fontes de informação para tomar sua decisão”, orienta Sandes.
Outros instrumentos importantes e que podem contribuir para decidir uma campanha eleitoral são as pesquisas e a contratação de profissionais para trabalhar em bandeiraços, entrega de santinhos e caminhadas. “Ações de marketing, pesquisas eleitorais e a contratação de profissionais para atuar na campanha é recente; antes, a adesão dos eleitores era por alinhamento às ideias dos candidatos e até mesmo por paixão política. O eleitor se identificava com o candidato.
A tarefa de convencer com palavras, sons e imagens nas eleições
O redator publicitário e especialista em Marketing, Dilson Tavares, sempre esteve muito próximo da política, pelo lado profissional e por gostar do tema. Da campanha de 2004 - que elegeu prefeito e vereadores - até a eleição de 2014, Dilson Tavares atendeu muitos candidatos, criando propagandas para rádio e televisão.
“Recordo que, com oito anos de idade, tive minha primeira participação efetiva em política: declamei uns versos escritos pelo meu avó, poeta João Tavares, para o candidato dele a deputado federal, numa reunião política em Água Branca, no sistema de som de uma Kombi, então desenvolvi o gosto”, confessa Tavares.
Nas eleições gerais de 2014, Dilson Tavares e sua equipe de criação, com quem trabalha numa agência de publicidade de Teresina, atende candidatos de um partido político e desenvolve peças publicitárias - incluindo os programas eleitorais para TV e Rádio – para deputado estadual, deputado federal, senador e governador.
Para o redator publicitário, o principal desafio é criar estratégias para conquistar o eleitor. É necessário, segundo Dilson Tavares, que texto, imagens e sons passem ao eleitor os discursos e mensagens defendidos pelo candidato. “É importante criar uma empatia, constatar os pontos de convergência entre o candidato e eleitores. Como ele é percebido? Quais os seus pontos fortes? E os fracos? A partir daí, trabalhamos os programas eleitorais que chegam às casas dos piauienses. É essencial que o discurso do candidato seja original, personalizado, pois é isso que o eleitor espera do candidato, uma relação de encontro e simpatia”, comenta o redator.
A televisão e o rádio ainda sãos os dois principais veículos que levam as mensagens dos candidatos para os eleitores. “No rádio, a imaginação do eleitor é estimulada através da criatividade. É no rádio também que geralmente as campanhas seguem um tom mais humorístico e, em algumas situações, até irônico. Para a televisão, o texto tem que acompanhar as imagens. As propagandas eleitorais no rádio e na televisão se complementam e interagem. Rádio é tempo, por isso o nome do candidato é sempre reforçado, pois o eleitor pode estar ligando o aparelho naquele momento. Já na televisão, mesmo que o telespectador não acompanhe o horário eleitoral desde o início, as imagens já comunicam ao eleitor do que se trata aquele filme”, esclarece o publicitário.
Poderosas aliadas nas eleições gerais de 2014, as redes sociais Youtube, Instagram e Facebook vêm sendo utilizadas por vários candidatos. Dilson Tavares avalia que elas já são encaradas como o grande espaço de adesão entre candidatos e eleitores. “Desde a campanha de 2010, as redes sociais alcançam um espaço cada vez mais importante. São mídias baratas. No Youtube, por exemplo, podemos postar um vídeo mais longo à delimitação de tempo que nós temos na televisão. E essa mídia fica lá, podendo ser vista, compartilhada, acessada a qualquer momento. Mas a principal característica das redes sociais é a capacidade de interação, de ligação direta com o eleitor; dessa forma, podemos criar mensagens exatamente para um público específico”, pontua.
Repórter:Andressa Figuerêdo/Portal O Dia