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Alberto Youssef volta a depor à Justiça Federal após ser hospitalizado

Ele foi o primeiro de quatro réus de processo originado da Operação Lava Jato a depor. A audiência ocorreu a portas fechadas nesta tarde.

11/11/2014 | Edivan Araujo
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O doleiro Alberto Youssef prestou mais um depoimento à Justiça Federal em Curitiba nesta segunda-feira (10). Esta foi a primeira vez que Youssef depôs à Justiça depois de ter recebido alta da UTI coronariana na qual foi hospitalizado ao passar mal na carceragem da Polícia Federal (PF), onde está preso desde março.
Ele foi o primeiro de quatro réus de processo originado da Operação Lava Jato a depor. A audiência ocorreu a portas fechadas nesta tarde. Carlos Habib Chater, Ediel Viana da Silva e Carlos Alberto Pereira da Costa também participaram da audiência. Os quatro respondem neste processo por lavagem ou ocultação de bens oriundos de corrupção, e por crimes praticados contra a Administração.

Segundo o advogado Tracy Reinaldet, Youssef falou nesta segunda sobre investimentos feitos em uma empresa chamada Dunel, sediada em Londrina, por parte do ex-deputado José Janene. "Na verdade o Alberto Youssef operava junto com o ex-deputado José Janene, então o investimento não era dele propriamente dito, mas ele operacionalizou esse investimento para o deputado Janene", disse o advogado. Ainda segundo Reinaldet, Youssef não era sócio de Janene nestes investimentos. "Nunca teve a participação que o Ministério Público quis atribuir a ele nesta denúncia. Então, nesse sentido a denúncia é fraca", concluiu.

Youssef é acusado de chefiar um esquema de desvio e lavagem de dinheiro, estimado em R$ 10 bilhões, desvendado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ele e os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) entraram em um acordo de delação premiada. Com isso doleiro se comprometeu a dizer tudo o que sabe sobre o esquema de lavagem de dinheiro que chefiava, em troca de reduções nas penas que podem ser imputadas.

Na saída da audiência, o advogado de Chater, Roberto Brzezinski Neto, afirmou que não poderia entrar em detalhes sobre o conteúdo do depoimento. Ele apenas disse que a audiência foi longa, e que transcorreu bem. Já Carlos Alberto Pereira da Costa, que advoga para si mesmo, prefriu não falar com a imprensa.

Hospitalizado
Alberto Youssef, foi internado no dia 25 de outubro no hospital Santa Cruz, em Curitiba, após passar mal na carceragem. Ele ficou internado na UTI coronariana e recebeu alta no dia 29 de outubro, sendo reencaminhado para a carceragem da PF, onde está preso desde março deste ano.

Os agentes da PF informaram que ele teve uma forte queda de pressão arterial, causada pelo "uso de medicação no tratamento de doença cardíaca crônica". Segundo a polícia, esta foi a terceira vez que Youssef precisou de atendimento médico desde que foi preso.

O problema de saúde dispensou o doleiro de comparecer à CPI mista da Petrobrás no Congresso Nacional. A presença dele chegou a ser autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos originados a partir da Operação Lava Jato, porém, após a defesa pedir dispensa sob o argumento de que ele ficaria calado e se recusaria a responder perguntas dos parlamentares, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI mista, decidiu cancelar o depoimento.

Operação Lava Jato
A operação Lava Jato foi deflagrada no dia 17 de março de 2014 em vários estados brasileiros e no Distrito Federal. A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que pode ter movimentado cerca de R$ 10 bilhões, segundo a PF.

De acordo com as investigações, a organização criminosa era liderada pelo doleiro Alberto Youssef. Ele e os procuradores do MPF entraram em um acordo de delação premiada. Com isso, ele se comprometeu a dizer tudo o que sabe sobre o esquema de lavagem de dinheiro que chefiava, em troca de reduções nas penas que podem ser imputadas. O documento que pede a absolvição do doleiro no caso do tráfico de drogas não cita o acordo de delação.

O acordo de delação premiada será homologado pela Justiça se, depois da fase dos depoimentos, ficar comprovada a veracidade das informações que Youssef fornecer. O acordo foi assinado um dia após a defesa revelar que o doleiro tinha essa pretensão.

G1

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