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Após polêmica no Facebook, saiba quem fica com os '10% do garçom'

Após confusão em Fortaleza que ganhou as redes sociais, saiba como funciona a taxa de serviço

30/03/2015 | Edivan Araujo
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Circula no Facebook uma imagem que faz uma denúncia contra um restaurante de Fortaleza (CE), cujo gerente fez o garçom pagar R$ 22 à empresa porque um cliente insistiu que queria que o valor fosse pago direto para o funcionário e não com valor embutido na conta.

Esse caso fez o 180 apurar como funciona o pagamento da taxa de serviço ao garçom em Teresina, estipulada em 10% da conta total. A situação, que é meio incômoda para alguns clientes, principalmente quando estes são mal atendidos e mesmo assim são obrigados a ‘premiar’ pelo serviço que não foi realizado a contento.

A prática é secular e já veio de fora do país. No começo eram apenas gorjetas aos garçons que podiam variar de preço dependendo da qualidade do serviço ou da condição financeira do cliente. Com isso era perceptível a intenção dos garçons em atender o melhor que podiam para lucrarem. Clientes e garçons saiam lucrando. Houve uma época que foi mais comum os que atendiam receber apenas as gorjetas, sem salário mínimo.

OLHO GRANDE NA GRAMA
O problema começou quando os proprietários de restaurantes perceberam que cobrar um valor a mais além da conta era muito lucrativo. Foi criada a Taxa de Serviço, que já vinha na conta do cliente, equivalente a 10% da mesma. A prática foi oficializada, regulamentada, legalizada e é uma realidade que não tem mais como fugir.

Denúncia foi feita no Facebook denunciado restaurante de Fortaleza. Imagem foi bastante compartilhadaDenúncia foi feita no Facebook denunciado restaurante de Fortaleza. Imagem foi bastante compartilhada

O cliente não é obrigado a pagar esse valor, principalmente quando é mal atendido, mas para evitar mais dores de cabeça, preferem pagar logo. Muitos restaurantes não cobram este valor, apesar de serem raros os casos.

EMPRESAS PRECISAM FAZER O PAGAMENTO
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) NO Decreto Lei nº 5.452, de 01 de Maio de 1943, diz que esses valores precisam ser repassados para os garçons. “Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador§ 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados”, diz a CLT.

Fica claro, portanto, que a taxa de serviço deve ser paga para os funcionários, e que o cliente pode pagar gorjeta diretamente para o garçom se o desejar.

PAGAR GORJETA NÃO É HÁBITO
O piauiense não costuma pagar gorjeta para garçons e outros profissionais que lidam diretamente com os clientes, como taxistas e entregadores, o pagamento da taxa de serviço já cumpre essa parte. O problema é que houve uma certa queda na qualidade do atendimento tendo em vista que fora o dever de atender bem o cliente, nada mais motiva um garçom nada mais estimula o profissional. Por isso há constantes reclamações de clientes.

DIVISÃO DA TAXA DE SERVIÇO
Não há nada que regule a divisão das gorjetas nas empresas, algumas sequer repassam ou omitem valor aos funcionários. Em Teresina a maioria dos restaurantes divide os valores, onde 70% fica com o garçons, e 30% com os funcionários da cozinha.

Se um restaurante, por exemplo, que lucra R$ 50 mil em um mês de taxa de serviços, e tem 10 garçons e 5 cozinheiras, divide esse valor da seguinte forma: separando 70% dos garçons fica R$ 35 mil, cada um no caso vai faturar R$ 3,5 mil no fim do mês; já as 5 cozinheiras dividem R$ 15 mil, 30%, e cada uma fica com R$ 3 mil.

Esses valores parecem ótimos, tendo em vista que o salário médio de um garçom que trabalha em um bom restaurante é de R$ 1,2 mil. O problema é que estes profissionais raramente recebem valores iguais a este, apesar de que, se somados todas as contas dos clientes em um mês, alguns restaurantes chegam a ter R$ 2 milhões mensais.

Ficou óbvio que o que você paga de taxa de serviço não vai para o garçom, pelo menos não da maneira que você pensava. Da próxima vez que você for a um restaurante vai prestar mais atenção no atendimento e avaliar quando merece ganhar aquele profissional, apesar de já ser predefinido que tem que pagar 10% a mais na conta.

Fonte:180graus

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