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Chance de jovem negro ser morto no PI é 3 vezes maior que branco

Em cinco anos, o Piauí apresentou o maior aumento do país na escala de vulnerabilidade de jovens negros, apesar de não estar na lista dos piores estados do Brasil em exposição à violência relacionada a cor da pele.

08/05/2015 | Edivan Araujo
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Em cinco anos, o Piauí apresentou o maior aumento do país na escala de vulnerabilidade de jovens negros, apesar de não estar na lista dos piores estados do Brasil em exposição à violência relacionada a cor da pele. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (7) e fazem parte do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, elaborado em parceria entre a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ministério da Justiça e Organização das Nações Unidas (Unesco). O estudo mostra ainda que a chance de um jovem negro ser morto no Piauí é quase três vezes maior que um branco.


O relatório apresenta o Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ) - Violência e Desigualdade Racial, que é baseado na mortalidade por homicídios e acidentes de trânsito, frequência na escola, situação de emprego, pobreza e desigualdade, definidos em uma escala que vai de 0 a 1. Comparando números entre 2007 e 2012, o Piauí foi o estado com maior piora no índice: passou de 0,379 para 0,477 em cinco anos. Uma alta de 25,9% que contrasta com estados já tidos como mais violentos, como Rio de Janeiro (-43,4%), Santa Catarina (-27,8%) e São Paulo (-18%), que apresentaram queda no mesmo quesito. 

Veja o relatório completo (arquivo PDF)

Mesmo com a piora na exposição de jovens negros à violência, o Piauí ainda se encontra em melhor situação que Alagoas (0,608), Paraíba (0,517), Pernambuco (0,506), Ceará (0,502), Espírito Santo (0,496), Pará (0,493), Amapá (0,489) e Bahia (0,478), que apresentam índices mais graves. Os quatro primeiros estão na escala de vulnerabilidade considerada "muito alta", na avaliação do estudo. 

Fatores
No caso do Piauí, chama a atenção que a mortalidade por homicídios é o fator que menos contribui para o crescimento do IVJ. Por sinal, esse indicador específico é um dos menores do país (0,091), perdendo apenas para Santa Catarina (0,017) e São Paulo (0,050). O que pesa para a violência contra jovens negros no Piauí são a pobreza (0,807), mortalidade por acidentes (0,777), frequência na escola e situação de emprego (0,628).


Mais morte de negros
O levantamento aponta que negros entre 12 e 29 anos correm mais risco de exposição à violência que os brancos da mesma faixa etária. O risco de um negro ser morto no Brasil ao invés de um branco é 2,5 vezes maior, em média. No Piauí, essa chance é 2,76 vezes maior para os negros. Os valores mais altos estão na Paraíba (13,40) e Pernambuco (11,57). Só no Paraná a média é praticamente igual entre negros e brancos. 

Fonte: Cidade Verde

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