O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, na tarde desta quinta-feira (1º), com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão no Palácio Guanabara, em Larajeiras, na Zona Sul do Rio. Ao final do encontro a portas fechadas, Lula e Pezão conversaram com a imprensa e o ex-presidente comentou a decisão do presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha, nesta quarta-feira (2), de autorizar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff:
"Eu me sinto indignado com o que estão fazendo com o país. A presidenta fazendo um esforço incomensurável para que a gente aprove os ajustes que têm que ser aprovados nesse país, pra ver se a gente consegue recuperar a economia e fazer a economia crescer, e tem muitos deputados querendo contribuir, mas o presidente da Câmara me parece que tomou a decisão de não se preocupar com o Brasil", disse Lula.
De acordo com o ex-presidente, Cunha está pensando apenas nele: "Me parece que a prioridade dele é se preocupar com ele, quando esse país de 210 milhões de habitantes é mais importante do que qualquer um de nós individualmente".
Lula critou a decisão de Cunha e o motivo que o levou a abertura do processo, classificando gesto de "atitude pequena".
"Você não acha que é muito pequeno o motivo de pedir o impeachment da presidente? Você não acha que se isso tiver na cabeça do Eduardo Cunha é uma atitude muito pequena? Subordinar um país inteiro, subordinar os interesses de mulheres, homens, brancos, negros, crianças nesse país a uma visão corporativa, pessoal, de vingança. não tenho. Eu quero crer que não seja verdade, quero crer que não seja verdade porque se isso for verdade, é muita leviandade", criticou Lula.
Movimento de governadores
Lula disse ainda que espera que Pezão ajude a evitar o impeachment, liderando uma aliança com outros governadores, sem afirma se haverá ou não novas reuniões com outros governadores. "Vamos ver", limitou-se a dizer.
Segundo Lula, no entanto, já existe um gesto dos governadores do Nordeste de apoio à presidente. "Se a gente não fizer um pacto para fazer o país crescer, tudo vai piorar", ressaltou.
Ele também rebateu na coletiva de imprensa, a declaração de Cunha, na qual o presidente da Câmara afirmou que a presidente "mentiu à nação quando disse que não faria barganha" sobre o processo contra ele no Conselho de Ética. De acordo com ele, Dilma chamou o deputado André Moura (PSC-SE), um dos aliados do presidente da Câmara, para propor que, em troca da aprovação da CPMF, o PT votasse a favor de Cunha no Conselho de Ética:
"Eu conheço a Dilma e acho muito difícil que ela faça barganha", afirmou Lula.
Já o governador Pezão disse que era um prazer receber o ex-presidente no Palácio: "Tivemos grandes experiências no seu mandato e torcemos para que esse país retome o seu crescimento, volte e gere emprego".
'Terceiro turno'
Para Lula, aqueles que se opõem à Dilma querem um terceiro turno das eleições. "Me parece que aqueles que quiseram fazer um terceiro turno da eleição, cassando a presidenta Dilma na Justiça Eleitoral, agora acharam a possibilidade do terceiro turno com a tese do impeachment. Não tem nenhuma sustentação legal,a não ser uma demonstração de raiva, de ódio, alguma coisa que é inexplicável".
"No dia que a presidenta consegue aprovar as novas bases para o orçamento ela recebe como prêmio um gesto de insanidade com o pedido de impeachment dela", ponderou o ex-presidente.
Fonte:G1