Considerado um dos decanos da política brasileira e testemunha de importantes momentos da história nacional, o deputado Heráclito Fortes (PSB) criticou o discurso que tenta apontar que o processo de impeachment em curso seria um golpe antidemocrático. “Impeachment é um processo penoso, é duro, mas é o último dentro do sistema democrático que nós podemos lançar mão para livrar o País deste caos em que ele se encontra”.
O deputado também chamou de desespero e terrorismo o boato que os governistas andam espalhando de que viraram os votos para tentar criar fato positivo. “Aos que estão em casa, peço que não se impressionem com esse terrorismo. O impeachment já tem mais de 360 votos e fazer exercício de futurologia e chute, aqui, não vale. Isso é desespero, porque já sabem que a contagem dos votos do governo está no volume morto”, disse, ressaltando que quem está pedindo o impeachment não são os deputados, mas os brasileiros, arrependidos do voto mal dado. “Se esse impeachment está aqui, hoje no seu processo inicial, nós o devemos à voz rouca das ruas. Esta Casa não tem sequer autoridade para comandar um processo de impeachment, mas nós somos a ressonância do Brasil. Quem está pedindo o impeachment são os brasileiros, do Oiapoque ao Chuí, arrependidos do voto mal dado, comprometido no submundo da corrupção", disse.
Heráclito também lembrou Ulysses Guimarães e criticou o advogado José Eduardo Cardozo que se referiu ao ex-deputado de forma “injusta e incompleta”. “Ulysses Guimarães foi quem comandou o impeachment de Fernando Collor, a campanha Diretas Já e o Colégio Eleitoral. O PT faltou com o País na promulgação da Constituição Cidadã. Não votou e negou-se a assiná-la. Eu lamento que o V.Exa., na função importante que exerce, venha ao plenário — que, por sinal, já ocupou —fazer um discurso para confundir a opinião pública”, disse Heráclito, dirigindo-se a Eduardo Cardozo.
“Eu pensava que o mensalão seria, na história do Brasil, um episódio de corrupção! Pois bem, quando o Brasil pensava que eles tinham acabado com isso e que a situação tinha servido como lição, no submundo, eles criaram o petrolão, sofisticado, que usou mecanismos internacionais de propina, e estamos com o País mergulhado nessa vergonha”, comentou o deputado.
A fase de discussão ainda não terminou. Ao longo deste sábado, o Plenário tem de ouvir os 249 deputados inscritos para discutir a matéria: 170 favoráveis ao impeachment e 79 contrários. A discussão poderá ser abreviada por um requerimento de encerramento da votação ou acordo entre os líderes.
A decisão do Plenário sobre o destino da presidente Dilma Rousseff só virá no domingo, em sessão marcada para as 14 horas. A abertura do processo de impeachment depende do voto favorável de 342 parlamentares.
*Com informações da Agência Câmara
Fonte: AsCom