O líder do Governo na Assembleia Legislativa, João de Deus (PT), disse que seu partido e o Governo apostam na mobilização da população a partir de agora para pressionar o Senado a não aprovar o impeachment da presidente Dilma, que foi autorizado no domingo (17) pela Câmara dos Deputados.
“É um processo que a gente estava preparado para enfrentar. Os movimentos sociais e as manifestação de ruas estão crescendo. O PT vai fazer o enfrentamento no Senado e também com o movimento de ruas, da população. A sociedade ainda vai ser manifestar de forma muito forte contra a deposição de uma presidente eleita democraticamente”, disse o líder.
Enquanto isso, o Palácio do Planalto também vai apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o mérito do julgamento, já que para o Governo, não está configurado crime de responsabilidade de Dilma, necessário para seu afastamento.
João de Deus reconhece, no entanto, que o Governo subestimou a força da grande mídia, especialmente a Rede Globo, que, segundo ele, patrocinou o impeachment. O deputado também falou sobre traidores do Governo, que, mesmo mantendo cargos no Planalto, votaram contra Dilma.
O deputado Júlio Arcoverde (PP), cujo partido em nível nacional deixou o Governo na semana passada, afirmou que já aguardava a derrota de Dilma, pelas notícias que saíam na imprensa. Ele acha difícil, no entanto, o Governo obter vitória no Senado, “pois a força da oposição é bem maior”. Arcoverde também não vê problemas em deputados denunciados na Justiça poderem votar, já que os réus não foram condenados ainda. “Enquanto não houve o trânsito em julgado (decisão definitiva), eles podem votar sim, com legitimidade”, comentou.
João Mádison: “Dilma não soube dialogar”
O deputado João Mádison (PMDB) analisou o resultado da votação que deu vitória à oposição, na Câmara dos Deputados, como um exemplo da falta de diálogo de Dilma com os políticos. “Dilma prometeu muito, mas não cumpriu nada e não soube dialogar com as forças políticas do Congresso Nacional”, afirmou.
Mádison acredita ainda que o impeachment vai passar tranquilamente com mais de 50 votos a favor do processo e criticou a proposta do PT de realizar novas eleições. “Isso mostra a incoerência do PT, mas quem deve propor qualquer mudança é o próximo presidente, Michel Temer (PMDB)”, disse.
O parlamentar frisou que o país precisa de uma nova era, um momento diferente e opinou que a Dilma não tem mais credibilidade para governar o país. “O que pesou mais foi a economia, que está em frangalho”, relatou. Mádison acredita ainda que Michel Temer fará um bom governo, mas tem diálogo com todos.
Themístocles Filho acredita que o processo passará no Senado "tranquilamente"
O presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, Themístocles Filho (PDMB), não vê a mínima possibilidade do Senado Federal reverter a decisão da Câmara dos Deputados, que autorizou o impeachmente de Dilma. “Pelos números que estamos vendo, de quem faz parte do grupo que aprovou [o impeachment], os números são favoráveis para aprovação no Senado. Já que [eles] acertaram na Câmara, também vão acertar no Senado”, falou.
Themístocles avaliou que faltou muita articulação da presidente Dilma com os deputados, já que, segundo ele, a Constituição Federal é feita para não ter impeachment, pois exige uma maioria de 342 para o processo continuar, número maior do que o mínimo para barrar o processo – 172 votos.
“De qualquer maneira, eu desejo que o Brasil supere esses problemas que enfrentam nas mãos de Michel Temer. “Claro que não tem nenhum mágico, ninguém resolve isso da noite para o dia, mas com vontade de todos vai dar certo”, avaliou.
Themístocles comparou ainda Michel Temer a o ex- -presidente Itamar Franco, que assumiu a presidência no final de 1992, quando o então presidente Collor de Melo sofreu impeachment do Congresso Nacional. “Em apenas dois anos, Itamar trouxe a estabilidade econômica”, concluiu.
Fonte:Jornal O DIA