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Delator diz que pagou para Heráclito colocar projeto em pauta no Senado

Quantia de R$ 1 milhão teria sido acertada; leia os trechos da delação que cita o piauiense

16/06/2016 | Edivan Araujo
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Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que pagou propina a Heráclito Fortes, ainda na época em que o piauiense era senador pelo DEM em 2016, em troca da aprovação de um projeto no Senado Federal. Os documentos publicados nesta quarta-feira (15/06) apontam que foi acordado o pagamento de R$ 1 milhão ao hoje deputado federal pelo PSB-PI.

No depoimento, Sérgio Machado narra que quando precisou da aprovação do aumento do limite de endividamento da Transpetro, encontrou resistência quando o projeto de resolução chegou à Comissão de Infraestrutura do Senado, à época presidida por Heráclito, citando que o piauiense estaria insistindo em não colocar o projeto em pauta.

Ele cita então que procurou o senador Sérgio Guerra (que morreu em 2014), com quem tinha boa relação, explicando que estava com dificuldades com Heráclito. Neste momento Machado diz ter alegado que o projeto seria de importância para diversos estados gerando emprego e riquezas.

O senador então, segundo o delator, teria marcado uma reunião em seu apartamento afirmando que não havia outra forma de resolver a questão, senão com a oferta de “vantagens” pagas em formas de doação eleitoral. Machado e Guerra acertaram então o pagamento de R$ 2 milhões pela aprovação, dinheiro que seria dividido meio a meio com Heráclito.

Como o combinado, Machado disse que o então senador piauiense pôs o projeto em pauta. O delator diz ter pago R$ 500 mil por intermédio de uma empresa, a qual se comprometeu a informar, ficando os outros R$ 500 mil em débito. O restante do valor, segundo o ex-presidente da Transpetro, foi cobrado por Heráclito em 2014, durante as eleições. Ele diz ter vários registros destes contatos insistentes do deputado.

20 POLÍTICOS CITADOS

Ao todo, 20 políticos de seis partidos foram citados. O novo delator da Lava Jato contou à Procuradoria Geral da República (PGR) sobre pedidos de doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B. A reportagem da Folha de São Paulo informou que da lista, o PMDB foi o que mais arrecadou. O partido é fiador político da indicação de Machado à presidência da Transpetro e ficou com pelo menos R$ 100 milhões.

Machado, conforme cita a matéria, disse que os políticos o procuravam pedindo doações, passo em que ele solicitava os repasses às empreiteiras com contratos com a Transpetro. "Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam ao procurarem o depoente que não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro", afirmou Machado.

Além de Heráclito, a lista inclui ainda nomes como o ex-senador Sérgio Guerra, já falecido, o senador José Agripino Maia (DEM-RN), o deputado Felipe Maia (DEM-RN), estes grandes adversários do Partido dos Trabalhadores. O próprio deputado piauiense ficou conhecido como 'xerife' de Temer, tendo recepcionado em sua residência encontros como o "jantar de confiança na vitória" do ainda vice-presidente da República, com a presença de ao menos 85 deputados. Eles estariam comemorando a suficiência de votos para aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal.

Folha aponta ainda os nomes de Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e José Sarney (AP), do PMDB, também os parlamentares e ex-parlamentares Cândido Vaccarezza (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luiz Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Francisco Dornelles (PP-RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Bittar (PT-RJ), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Valter Alves (PMDB-RN) e Valdir Raupp (PMDB-RO).

Sérgio Machado contou que nos casos de Jucá e Sarney, os pagamentos foram feitos tanto por meio de doações oficiais como de dinheiro em espécie, especificando quais destas doações podem ser consideradas como propina. Em relação às empresas que aceitavam fazer pagamentos referentes a contratos com a Traspetro, Machado citou a Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Queiroz Galvão, NM Engenharia, Estre Ambiental, Polidutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais e Estaleiro Rio Tietê. "Quando chamava uma empresa para institui-la a fazer doação oficial a político, ele sabia que isso não era lícito", traz Folha ao reproduzir trecho de um dos depoimentos de Sérgio Machado.

Procurado, o deputado Heráclito Fortes informou por meio de sua assessoria que não irá ainda se pronunciar sobre o assunto ainda, em virtude de estar fora do país, em viagem ao Panamá numa missão pela Câmara dos Deputados. Ele retorna hoje à Brasília e deve comentar o caso amanhã.

TRECHO DO DEPOIMENTO ONDE MACHADO CITA HERÁCLITO

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Fonte: 180 Graus

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