Condenado no caso Mensalão e em liberdade desde 2017, o ex-ministro José Dirceu teceu críticas ao governo de Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (5) em Teresina. Em entrevista inédita à imprensa após sair da prisão, o petista apontou que o Brasil deve reagir ao programa político militar de Bolsonaro.
"Bolsonaro está desmontando o Estado Nacional que levou décadas para ser construído. Ele está numa escalada para impor o regime autoritário no Brasil. A gente precisa dar uma resposta à altura e está sendo dada com a reunião em Brasília de diversos partidos", disse o ex-ministro.
Para José Dirceu, deve haver um alinhamento de todos os democratas contra Bolsonaro. "Todos que combatem esse autoritarismo independente do partido político e da classe social. Na hora de defender a democracia devemos nos unir, sem distinção", afirmou.
Dirceu criticou o comportamento militar do governo de Bolsonaro. "Os militares não podem fazer política. Quem está armado não pode fazer política. Estamos em uma República ", criticou.
Para José Dirceu, a Democracia brasileira foi afetada pelos regimes militares que intercalaram a história da República com autoritarismo. Ele também apontou como negativa a política econômica de austeridade de Bolsonaro que, segundo ele, não resolvem o problema da renda nacional.
José Dirceu lança hoje à noite em Teresina o livro “Memórias”, na livraria Anchieta na avenida Dom Severino. Dirceu escreveu o livro enquanto esteve na prisão. A obra traz escritos sobre a ditadura, movimentos sociais e fundação do PT.
O ex-ministro esteve na comemoração do aniversário do governador Wellington Dias na manhã desta quinta-feira na zona Norte mas não falou com a imprensa.
Autocrítica
Questionado sobre falhas na gestão de mais de 12 anos do PT, José Dirceu apontou a não organização da base social do partido pelo governo e a articulação com o Congresso.
"Houve erros, não podemos negar. Todo governo tem seus erros, mas nossos erros não justificam o golpe que foi dado contra o projeto de governo do PT. A presidenta Dilma iria enfrentar aquela crise, a economia iria se recuperar, mas houve o golpe", avaliou o petista que está com 74 anos.
Lula em 2022
Fora da direção nacional do partido, José Dirceu assinalou a candidatura de Lula em 2022. Ele chegou a citar o nome dos governadores do Piauí e do Maranhão como alternativas de nomes para o projeto de democracia social.
"Temos o Lula, temos o Haddad, temos o governador Wellington Dias, o governador Flávio Dino que mesmo não sendo do PT é um forte nome do movimento de esquerda", disse.
Fonte: Cidadeverde