O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou, nesta sexta-feira (24), que o pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, demonstra um arrefecimento no combate ao desvio de dinheiro público no país.
"Eu acho que a Lava Jato e a luta contra a corrupção simbolizaram uma sociedade que deixou de aceitar o inaceitável. Há pessoas que gostam mais e pessoas que gostam menos do ministro Sergio Moro, mas o fato é que ele é o símbolo desse processo histórico. E, portanto, eu acho que isso revela, como fatos já vinham revelando, um certo arrefecimento desse esforço de transformação do Brasil", ressaltou em videoconferência com a XP Investimentos.
O magistrado, porém, acredita que, apesar da mudança no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Brasil dará seguimento ao enfrentamento aos esquemas de corrupção.
"Acabamos um pouco com o fetiche do corrupto rico que circulava na sociedade como se fosse pessoa de bem e normal, de modo que qualquer coisa que enfraqueça o processo histórico de transformação eu acharei ruim, mas acho que a história seguirá seu curso independentemente de A ou de B", observou.
Sem citar nenhum caso específico, Barroso fez críticas ao STF, mas afirmou que "o Brasil já mudou".
"Mesmo com decisões do Supremo que eu discordo profundamente, que eu acho que nos retardaram um pouco nesse processo, a sociedade já não aceita mais, já não é mais tão fácil acontecer de novo o que aconteceu na Petrobras, já não é mais tão fácil agentes públicos nos mais altos cargos venderem atos normativos", disse.
"Portanto, eu acho que a despeito de decisões das quais eu discordo e de movimentos políticos imediatos que parecem ir na direção contrária, esse gênio não voltará para a garrafa", completou.
MATHEUS TEIXEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)