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Operação no Jacarezinho é a mais mortal da história do RJ

Polícia diz que 24 eram suspeitos, mas não deu detalhes sobre quem eles são e o que faziam ao serem baleados; 25ª vítima é policial

07/05/2021 | Redação
Polícia fez operação nesta quinta (6) na comunidade do Jacarezinho, Zona Norte do RJ / (Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)

 

A operação policial mais letal da história do Rio aconteceu nesta quinta-feira (6) no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, deixando 25 pessoas mortas.

O levantamento foi feito pelo G1 com informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado.

Um dos mortos foi o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate à Drogas (Dcod). A Polícia Civil diz que os outros 24 assassinados eram criminosos, mas não revelou as identidades ou as circunstâncias em que foram mortos.

O delegado Ronaldo Oliveira nega que tenha havido execução. "Para deixar bem claro: quem não reagiu, foi preso. Ou foi preso ou fugiu".

O sociólogo Daniel Hirata, do Geni/UFF, classifica a operação como inaceitável e diz que é mais grave do que chacinas como a de Baixada Fluminense, em 2005, ou a de Vigário Geral, em 1993.

Ele diz que, segundo os moradores, a ação se tornou mais violenta após a morte do policial e que ficou "incontrolável".

Em nota, a Polícia Civil disse que fez uma operação contra o crime organizado e que comunicou o Ministério Público sobre a ação, como determina o Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde junho do ano passado, o STF suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em "hipóteses absolutamente excepcionais", com o Ministério Público sendo avisado.

“Temos uma cadeia de responsabilizações que precisa ser apurada. Se trata de uma operação policial, um caso gravíssimo de violência de Estado. Não é grupo de extermínio, maus policiais, milicianos. É uma operação autorizada pelas autoridades. E tudo isso em um momento em que há a determinação de suspensão das operações policiais nas comunidades pelo Supremo Tribunal Federal”, diz o especialista.

Em nota, o MP informou que foi comunicado "logo após o seu início, sendo recebida às 9h". A operação, segundo o MP, foi feita para cumprir prisão preventiva e buscas e apreensão contra traficantes.

Pelas redes sociais, moradores do Jacarezinho relataram mais mortes que as computadas, além de corpos no chão, invasão de casas celulares confiscados. À tarde, eles chegaram a fazer um protesto na comunidade.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro informa que está acompanhando "com muita atenção os desdobramentos da operação".

"Neste momento, a instituição está no local, por meio de sua Ouvidoria e do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, ouvindo os moradores e apurando as circunstâncias da operação, a fim de avaliar as medidas individuais e coletivas a serem adotadas. Desde já, manifestamos nosso pesar e solidariedade aos familiares de todas as vítimas de mais essa tragédia a acometer nosso estado."

Em nota, a ONG de Direitos Humanos Instituto Igarapé criticou a ação.

"É inaceitável que a política de segurança pública do estado continue apostando na letalidade como principal estratégia, sobretudo em áreas vulneráveis. Privilegiar o confronto indiscriminado coloca nossa sociedade e nossos agentes públicos em perigo".

Fonte: Portal G1 Globo 

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