A campanha “Fique esperto, trabalho escravo ainda existe”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), será lançada nesta sexta-feira (17), a partir das 17h, por meio de uma página no YouTube. O intuito é alertar trabalhadores sobre os riscos da exploração e estimular denúncias.
De acordo com um levantamento realizado pela CPT, no Piauí, 41 trabalhadores foram resgatados de situações análogas à escravidão em 2021. Em todo o país, o número ultrapassa os 1.800.
O trabalhador rural Francisco Félix, de 58 anos, foi vítima no ano 2000. Natural de Porto, no Norte do Piauí, ele foi resgatado da Fazenda Brasil Verde, localizada no município de Xinguara, no Sudeste do Pará.
“É lamentável falar, mas existe trabalho escravo. A gente tem que fazer tudo que eles querem, come do que eles dão, comida muito ruim, éramos vigiados 24 horas por capangas armados e tudo era cobrado”, relatou o homem.
Ao G1, a coordenadora do colegiado da CPT, Joana Lúcia Neta, contou que a campanha foi desenvolvida com o apoio de trabalhadores rurais dos municípios de Barras, Currais, Porto e União.
"Ainda convivemos com o analfabetismo, o desemprego e a fome. O trabalho escravo atinge principalmente as comunidades da zona rural, onde muitos não têm qualificação profissional. Em função disso, desenvolvemos um trabalho de combate ao aliciamento de trabalhadores e procuramos reivindicar políticas públicas do Estado", informou.
Casos de trabalho análogo à escravidão no Piauí
No mês de novembro, sete trabalhadores que estavam em situação análoga à escravidão foram resgatados no estado. Destes, três eram adolescentes entre 13 e 17 anos, que trabalhavam na produção da farinha de mandioca, na região rural dos municípios de Marcolândia (PI) e Ipubi (PE).
Os outros quatro trabalhavam com corte de eucalipto em uma fazenda localizada no município de Itaueira. O caso foi descoberto durante uma série de fiscalizações do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, coordenado pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).
Em outra fiscalização, no mês de agosto de 2021, 18 trabalhadores, que atuavam na extração de palhas da carnaúba, foram encontrados em “péssimas condições de trabalho, vida e moradia”.
No dia 27 de julho, pelo menos 13 piauienses foram resgatados de situação análoga à escravidão em Goiás. Eles retornaram ao município de Novo Oriente do Piauí no dia 8 de agosto.
Em 23 de junho, a Polícia Civil e a Polícia Militar de Valença e Elesbão Veloso também resgataram dois adolescentes, na localidade Capim Pubo, zona rural de Elesbão Veloso.
Segundo a polícia, os jovens informaram que desejavam retornar para sua cidade, porém o patrão não permitia que eles fossem embora.
Fonte: Portal G1 Piauí