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Sapatos de Fernanda Lages foram decisivos para prisão de Nayrinha

16/03/2012 |
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A estudante Nayra Veloso, mais conhecida como Nayrinha, amiga de Fernanda Lages, foi presa na manhã desta quinta-feira (15). Ela recebeu voz de prisão em casa, às 6h30, e foi levada para a sede da Polícia Federal no Piauí. Nayrinha foi interrogada e, no final da tarde, transferida para a Penitenciária Feminina deTeresina. A informação foi confirmada a O DIA pelo promotor de Justiça Ubiraci Rocha.

Nayrinha foi ouvida primeiro por um dos delegados federais que conduzem as investigações e, em seguida, por Ubiraci. "Ela estava muito nervosa. Chorou um pouco, disse que não podia pagar isso sozinha e eu disse que esse era o ponto chave: ela não podia pagar só; falei que ela é que sabia se aguentava essa barra sozinha. Ela negou ter alguma coisa a ver com isso; disse que gostava da Fernanda, era amiga dela. Mas não contou nada ainda", relatou o promotor.

O pedido de prisão temporária de Nayrinha foi protocolado na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina no dia 06 de março. Além da prisão, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão, no apartamento de Nayrinha, em Teresina, e na casa da sua mãe, na cidade de Valença.

Duas testemunhas dizem ter visto Fernanda na companhia de um casal em frente à obra do Ministério Público Federal, na madrugada do dia 25 de agosto de 2011, dia em que a jovem foi encontrada morta, por volta das 6 horas. A partir de fotografias, as testemunhas reconheceram que a mulher que estava com Fernanda era Nayrinha. Fernanda foi vista sentada em uma pedra, e Nayra e essa terceira pessoa em pé, conversando.

De acordo com Ubiraci, Nayrinha foi presa porque os delegados da PF concluíram que "ela mente e acoberta fatos". Por conta disso, "Nayra passou da condição de testemunha à de suspeita direta na participação ou execução do eventual crime", explicou o promotor.

Antes de concretizar a prisão, a PF aguardou o resultado de uma perícia realizada nos sapatos de Fernanda e da policial militar Joselane Borges, que participou da reconstituição do suposto crime, procedimento realizado pela Polícia Civil do Piauí. Os calçados usados pela PM tiveram que ser analisados porque Joselane pisou, durante a reconstituição, na mesma área em que Fernanda teria sido vista pelas testemunhas - debaixo de uma árvore, em frente à obra.

Nayrinha, ao centro, durante reconstituição do suposto crime (Fotos: Jailson Soares/PortalODIA.com)

As análises, feitas em Brasília, constataram que os rastros encontrados no local eram dos sapatos da própria Fernanda. "A perícia aqui no Piauí amplia em 1.000 vezes as marcas deixadas pelo sapato e a de Brasília em 100.000 vezes. O resultado voltou e atestou que a marca era do sapato de Fernanda, ou seja, ela esteve em frente ao MPF entre 3h e 4h da madrugada do dia 25 de agosto", enfatizou Rocha.

Os resultados dessas análises reforçam os depoimentos das duas testemunhas que dizem ter visto as duas jovens e um homem em frente à obra, naquela madrugada.

"Nayra esconde quem seja esse homem", frisou Ubiraci, acrescentando que a jovem sustenta sempre uma mesma versão: a de que não esteve em frente à obra naquela madrugada, tendo visto Fernanda pela última vez no Bar O Pernambuco, na zona Norte de Teresina. "A mentira está no fato dela negar ter estado em frente à obra com Fernanda. Ela diz que não se lembra", afirmou.

A identificação desse homem pode ser a chave para a elucidação do caso. "Se Nayra resolver falar o que sabe, abre-se caminho para o esclarecimento definitivo da verdade", ressaltou o promotor.

Na reconstituição, Nayrinha abraça a PM Joselane, que fez o papel Fernanda

Como estratégia para obter de Nayrinha mais informações, a PF trouxe de Valença a sua mãe, para conversar com a filha. "O delegado pediu à mãe que convencesse Nayra a falar a verdade", disse Rocha. As duas puderam conversar a sós.

Para Ubiraci, Nayrinha tem duas opções: "Se falar, protege a ela mesma. Se não falar, protege a alguém". A jovem deve ser liberada em cinco dias, caso a prisão não seja prorrogada.

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