O presidente Jair Bolsonaro (PL) acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de favorecer o candidato Lula (PT) durante a campanha eleitoral. Bolsonaro está em Teresina, hospedado no Hotel de Trânsito Militar, na Frei Serafim e concedeu uma entrevista exclusiva para a TV Cidade Verde e ao portal Cidadeverde.com na manhã deste sábado (15) antes de seguir para evento político no Atlantic City. Alexandre de Moraes também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Antes de partir para o evento, Bolsonaro recebeu alguns apoiadores e tirou fotos. Um deles foi o Coronel Silva Júnior, militar da reserva, de 70 anos.
Durante a entrevista, Bolsonaro sugeriu interferências de Alexandre de Moraes, através de decisões do Supremo. Como exemplo, ele citou o embate dos poderes sobre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o mais recente acerca de investigações em institutos de pesquisa. Para Bolsonaro ao travar o inquérito lançado pelo Ministério da Justiça, o ministro estaria ganhando votos para o adversário ao mostrar a vantagem de Lula nas pesquisas.
“Eles tentam o tempo todo contra mim. Quando reduzimos 4 mil produtos em 30% do IPI o ministro Alexandre de Moraes disse que parte dessa redução não era possível. É o tempo todo uma interferência. O que aconteceu agora com o Alexandre de Moraes, o Ministério da Justiça começou a investigar pesquisas, o que ele fez? Proibiu. E abriu inquérito por abuso de autoridade. Os institutos sempre mostrando a vantagem do Lula em votos. Alexandre de Moraes está ganhando 2 ou 3 milhões de votos para o Lula em cima das mentiras dos institutos de pesquisa. O interesse dele é eleger de vice o seu amigo Geraldo Alckmin, interferência de alguns do Supremo no Legislativo”, disse.
Bolsonaro também negou que, se eleito, pretende aumentar o número das indicações de ministros no STF. Na avaliação do presidente, as indicações no poder estão “equilibradas”.
“Eles que nos provocam o tempo todo. Uma minoria. De lá para cá não tem nenhuma interferência do Supremo. Inventaram agora que eu vou aumentar até cinco ministros do Supremo. Eu nunca falei isso. Eu tenho dois indicados por mim. Caso reeleito, indico mais dois ano que vem. Passo a ter quatro, o PT cinco, FHC 1 e Temer 1. Está se equilibrando. No momento, o PT tem sete dentro do Supremo. Por isso eles reinterpretando, resolveram zerar a condenação do Lula. Ele não foi absolvido. Ele deixou de ter condenação em duas instâncias”, pontuou.
O candidato também negou ter alguma vez agido ou feito algo fora da “quatro linhas” para atacar ou interferir no STF. Ele seguiu citando a Carta pela democracia lançada pela Universidade de São Paulo (USP) e sugeriu a ligação dos apoiadores da iniciativa com regimes autoritários.
“Qual a ameaça? Qual ação minha concreta fora das quatro linhas da Constituição? Nenhuma. Eles assinaram uma cartinha contra a democracia. E gente que assinou essa cartinha pela democracia elogiam regime cubano, Maduro, na Venezuela, Ortega na Nicarágua, onde expulsa padres, freiras e fecha sinais de TV, como a CBN. A minha carta pela democracia é a Constituição Federal. Obviamente, o descontentamento deles é porque eu acabei com harmonia em Brasília, onde um bando de roubava a nação e todos se confraternizavam no final de semana. Não tem mais indicações político-partidária para ministério, estatais. As indicações não vinha apenas do parlamentar. Vinham de outro poder do lado meu. Nós acabamos com isso em nome da moralidade, do respeito para com a população brasileira”, pontuou.
Maioridade penal
Bolsonaro também voltou a citar uma de suas promessas ainda da primeira campanha e prometeu reascender o debate sobre a redução da maioridade penal.
“Uma coisa que pretendo aprovar, caso seja eleito, é a redução da maioridade penal. Não podemos ver menorzão roubando celular e rindo na cara da sociedade. Esse pessoal tem que apodrecer na cadeia. Até porque o celular a pessoa parcela em 12 ou 24 meses para pagar”, disse.
Segundo o presidente, essa será uma prioridade. Ao comentar sobre a meta, ele citou falas do ex-presidente Lula. “O vagabundo vai lá e rouba, aí vem o outro cara e diz que é para tomar uma cervejinha”, destacou.
Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
“Se o PT fosse bom, o Nordeste tinha que ser uma Suíça”
Bolsonaro também fez duras críticas as gestões de esquerda nos governos de estados do Nordeste. Ele voltou a dizer que o Nordeste “não vai bem” em relação a outras regiões do país e atribuiu os indicadores as gestões petista. Bolsonaro também criticou fala do ex-presidente Lula sobre as promessas de “picanha e cerveja” quando, segundo ele, falta água em fazendas da região.
“Agora, fale que o Nordeste não vai bem em relação ao resto do Brasil?! É verdade. Quem comanda o Nordeste nos últimos 20 anos? O PT. Se o PT fosse tão bom, em 20 anos o Nordeste tinha que ser uma Suíça e não um estado, uma região, né? Onde o povo passa por necessidades”, disse.
Bolsonaro também acusou Lula de não ter realizado ações para melhorar a vida da população do Nordeste enquanto foi presidente. “O cara do Nordeste quando teve a chance de resolver o problema do Brasil e do seu estado sequer trouxe água para cá. Agora, está prometendo a picanha e cerveja. Falta comida e água para os fazendeiros. Estamos vivendo de mentira dessas pessoas. O meu governo é uma realidade”, pontuou.
Ele seguiu a fala destacando usinas de energia elétricas que estão sendo instaladas em regiões do Nordeste. “Escolhemos o Nordeste, porque era o Nordeste um dos poucos lugares do mundo com condições para isso. É um vento constante, aqui não vendaval, terremoto, tsunami. Você coloca de maneira mais barata e duradoura. Por que esse percentual não foi descoberto no passado? Porque não havia interesse. Havia a escravidão do carro pipa, por exemplo”, disse.
Bolsonaro também falou sobre a relação do estado com a religião e fez questão de frisar que o “estado é laico, mas, o presidente é cristão”.
“Falo que o estado é laico, mas, o presidente é cristão, acredita em Deus, defende a família. Não quer liberar drogas, não aceita ideologia de gênero. Ou seja, é um governo completamente diferente de outros que nos antecederam. Graças a Deus, tenho forças para resistir a isso e apontar cada vez mais soluções para o nosso Brasil”, disse.
Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
Discurso para os apoiadores
Durante seu discurso em evento realizado no Atlantic City, o presidente reforçou as críticas ao seu adversário, afirmando que Lula é da “turma do mau”.
Bolsonaro citou situações de violência e assaltos que costumam acontecer e os associou à Lula, pontuando que a “turma” do ex-presidente seria do “mau”. Ao falar da diminuição da maioridade penal Bolsonaro teve que interromper o discurso diversas vezes meio aos gritos de apoio. “Lula ladrão, Bolsonaro capitão”, acompanhavam os piauienses presentes.
“A turma dele [Lula] é turma do mau, a turma da irresponsabilidade, a turma de roubar o celular para tomar uma cervejinha. Tenho certeza que o novo parlamento, mais à direita, muita cara nova, vamos aprovar o que interessa o povo brasileiro mais rápido. Vamos apoiar a redução da maioridade penal”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro subiu o tom após a reação da multidão e seguiu falando sobre a prisão de infratores menores de 18 anos em prisões federais. O presidente também pontuou que entre as propostas dele também está fortalecer políticas para jovens tirarem a carteira de motorista.
“Ô Lula o seus amiguinhos que gostam de roubar e matar jovens… o futuro deles vai ser apodrecer na federal. A maioria de jovens honestos vai poder tirar uma carteira de motorista. As mulheres, nós aprovamos mais de 70 ações em defesa. As mais importantes estão a Caixa em que tem uma maneira de escolher uma profissão, vai ser independente de economia, não vai depender do marido, que muitas vezes não tem consideração”, destacou.
AUXÍLIO EMERGÊNCIAL
No discurso em que fez, Bolsonaro destacou diversas vezes o Auxílio Emergencial, instituído durante a o governo, dele e garantiu que recurso não vai deixar de ser repassado no ano que vem. O benefício passou a ser de R$ 600, após tramitação na Câmara e Senado. Em uma das falas, sem citar nomes, Bolsonaro fez menção ao ex-governado Wellington Dias (PT), amplo defensor do isolamento social como medida para conter o avanço da pandemia de Covid-19 em 2020.
“Durante a pandemia, quando o governador daqui exigiu que ficasse em casa, sem renda, condenado a morrer de fome, nós criamos o Auxílio Emergencial de R$ 600. As mulheres chefes de família ganharam o dobro. Lá, ele [Lula] fala que o pai de família passa fome, mas, nada fez para diminuir a fome do seu povo. Nós fizemos”, destacou.
Apoiadores se reuniram em um palanque no Atlantic City no entorno de Bolsonaro. Estavam no palco lideranças como o ministro Ciro Nogueira (Progressistas), o candidato ao Senado derrotado Joel Rodrigues (Progressistas), a deputada Iracema Portella (Progressistas), a deputada eleita Gracinha Moraes e lideranças do PL, partido de Bolsonaro, Samantha Cavalca e Coronel Diego Melo.
Paula Sampaio
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Fonte: Ascom