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Até 2016,universidades federais terão 50% de estudantess cotistas

01/09/2013 | Edivan Araújo
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As primeiras instituições a estipularem reservas de vagas eram estaduais e ao longo da década diversas universidades foram adotando modelos diferentes. Os critérios para as cotas eram variados, podendo ser raciais, sociais ou uma combinação de fatores.

Com a Lei das Cotas, a política passou a ser obrigatória nas 59 universidades federais do País, que têm até 2016 para alcançar a reserva de metade das vagas para estudantes cotistas.
O cientista político João Feres Júnior, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj), diz que antes da nova lei 70% das universidades federais já adotavam algum tipo de ação afirmativa. Mas desde a vigência da Lei das Cotas, o número de vagas para cotistas nas federais dobrou, passando de 30 mil para 60 mil.

Ele faz a ressalva de que o universo total de vagas nas federais brasileiras também se expandiu, tendo passado de 140 mil para 188 mil do ano passado para cá. Ainda assim, o impacto é significativo - sobretudo para a parcela de estudantes negros, pardos ou indígenas, que mais cresceu proporcionalmente.

Feres diz que, antes da lei, muitas universidades adotavam apenas critérios sociais para a reserva de vagas, mas defende a incorporação do critério racial.

"Nem toda desigualdade pode ser combatida por programas que adotam apenas a classe social ou da renda como critério. É inegável que ainda há discriminação racial no Brasil. Se a ideia é incluir grupos que estavam excluídos do ensino superior, é apenas sensato incluir ambos os critérios."

Polêmica
Mas as cotas raciais ainda geram polêmica no país e têm muitos opositores na sociedade e na comunidade acadêmica. Antonio Freitas, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas, considera a política das cotas "um passo para trás" para o país. Ele afirma que facilitar o acesso de determinados grupos às universidades nega o princípio do mérito e ameaça a excelência acadêmica.

"Isso é ruim para o futuro do Brasil, porque o objetivo das universidades é gerar pesquisa de qualidade", diz. "Eventualmente, você pode não ter as pessoas mais bem-qualificadas na Engenharia, na Medicina, nas áreas mais desafiadoras que o Brasil precisa desenvolver", diz.

Freitas diz que o Brasil nunca teve políticas públicas baseadas em raça e que isso pode gerar uma divisão na sociedade. Ele diz que o país está tentando resolver um problema artificialmente. Em vez de investir na educação básica e dar a todos condições de competir em par de igualdade, está tentando "forçar alunos fracos a entrar nas universidades."

Alunos esforçados
Dez anos atrás, a Uerj foi pioneira na adoção de uma política ação afirmativa, com uma reserva de vagas para estudantes negros e pardos. O modelo foi ajustado com o tempo e hoje combina critérios raciais e sociais, e todos os beneficiados chegam de escolas públicas.

Com uma década de experiência, o reitor Ricardo Vieiralves considera o modelo um sucesso e diz que, hoje, a Uerj reflete de maneira mais fiel a diversidade da população brasileira. Ele afirma que os estudantes cotistas são os que menos abandonam o curso e se formam mais rapidamente.

"No início suas notas são mais baixas, mas eles se igualam aos outros até a segunda metade do curso ou mesmo superam os não-cotistas", diz. "É uma oportunidade. E o que é mais impressionante é que eles a agarram como uma oportunidade ímpar na vida, e estudam como uns loucos."


Fonte: Terra e BBCBrasil

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