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O número de denuncias de violência contra a mulher teve um aumento de 40% em todo o país. A maioria das denúncias são de violência física. No Piauí, de acordo com o promotor Francisco de Jesus Lima (foto), o número de denuncias também tem aumentando.
Segundo Francisco Lima que atua em casos de violência contra a mulher, o número aumentou e deve aumentar mais a cada ano. “Não são os casos que estão aumentando, o que acontece é que a mulher que antes não tinha coragem para procurar por um órgão público porque não se sentia acolhida, hoje tem coragem de denunciar”, disse.
No ano de 2014 foram relatadas 1.606 ocorrências contra 1.151 do ano anterior. Os dados são baseados no número de denuncias por meio de ligações através do “Ligue 180”, projeto do governo federal que transformou em 2014 a Central de Atendimento à Mulher em um disque-denuncia mantendo o foco no público feminino.
“A nossa cultura massacra a mulher que ousa denunciar seu marido, porque as pessoas começam a falar que ela quer ser solteira para ter outros homens. Às vezes há mulheres que suportam por muito tempo conviver com seus agressores porque tem apego emocional, dependem financeiramente do marido ou para proteger os filhos, mas o que temos visto é que está havendo uma conscientização da mulher brasileira, elas estão se conscientizando que violência é crime e ela pode denunciar”, explica o promotor.
Francisco de Jesus afirma ainda que houve uma melhoria nas políticas públicas que amparam a mulher em casos de violência domestica, fazendo com que tenham coragem de concretizar a denuncia. “A violência contra a mulher sempre foi grande, ela ainda é, mas a mulher está saindo do armário da violência onde ela se escondia. A sociedade tem de se unir, porque quando uma mulher sofre violência dentro de casa, a sociedade perde”, finalizou.
Para Mariana Oliveira, integrante do grupo Batuque Feminista, a mulher realmente tem tido mais coragem para denunciar a violência que sofre, mas com ressalvas. “A mulher se sente mais segura para denunciar sim, mas a cada dia a violência também vem crescendo, isso é real. A mulher se sente mais aberta para fazer denunciar porque ela tem tomado consciência através da propagação de informações”, disse.
Para a militante feminista, os órgãos não têm estrutura e nem preparo para atender com qualidade a mulher vítima de violência. “A delegacia da mulher, por exemplo, não tem preparo para lidar com a situação, ela chega e é atendida por um homem, não se tem o sentimento de sororidade [solidariedade entre mulheres]. Os órgãos infelizmente não estão prontos e estão lotados de processos que não andam. Por isso nós acreditamos que há aumento nos casos sim, principalmente para a mulher negra e pobre que sofre mais ainda com isso”, finalizou.
Fonte: Portal AzÂÂ
