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Microcefalia: ‘crianças devem ser estimuladas cedo’, diz fisioterapeuta

Tratamento em crianças com a anomalia deve iniciar após nascimento. Bebês são assistidos por equipe multidisciplinar e pais têm apoio psicológico.

25/01/2016 | Edivan Araujo
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No Piauí, uma equipe multidisciplinar do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) vem acompanhando há mais de quatro anos casos de pacientes com microcefalia. Para a fisioterapeuta Ana Patrícia Petillo, a criança diagnosticada com anomalia deve ser estimulada desde o nascimento para ter um melhor desempenho.

“As crianças com microcefalia apresentam deficiências motoras e cognitivas, que podem comprometer seu desempenho no futuro. De 0 a 3 anos nós realizamos o acompanhamento motor, através de estímulos com fisioterapia, terapia ocupacional e  fonoaudiologia para ajudar na alimentação. Além disso, oferecemos consultas com o psicólogo para os pais logo nos primeiros meses, onde existe a fase de negação com relação à doença”, explicou.

Ana Patrícia explica que partir dos quatro anos, a criança começa a ter as primeiras dificuldades cognitivas e é nesta fase que os especialistas promovem a reabilitação intelectual. O trabalho feito com psicólogos e fonoaudiólogos para ajudar na fala contribuem no desenvolvimento do cérebro.

“O acompanhamento depende da evolução de cada paciente, mas o ideal é que seja todos os dias para que ela tenha uma mega carga de estímulos. Este tipo de desenvolvimento é importante para qualquer criança em fase de crescimento, seja ela com microcefalia ou não”, avaliou Ana Patrícia Petillo.

A fisioterapeuta destaca que nos últimos anos o Ceir tem reforçado a equipe multidisciplinar  para atender pacientes com microcefalia, no entanto, a Secretaria de Saúde ainda não encaminhou os novos casos diagnosticados ano passado e que tiveram a doença provocada pelo zika vírus.

“Sabemos que a demanda deve aumentar, por conta desta epidemia do zika vírus. Espero até lá contar com a nova clínica para atendimento dos casos de microcefalia, ainda em processo licitatório”, completou.

Sobre a doença
Microcefalia é uma condição médica que se caracteriza por um crânio menor do que o tamanho médio, geralmente por causa de uma falha no desenvolvimento do cérebro. O problema pode estar associado a síndromes genéticas ou a outros fatores como abuso de álcool e drogas durante a gravidez ou a infecção da gestante por rubéola, catapora ou citomegalovírus.

Crianças que nascem com microcefalia podem ter o desenvolvimento cognitivo debilitado. Não há um tratamento definitivo capaz de fazer com que a cabeça cresça a um tamanho normal, mas há opções de tratamento capazes de diminuir o impacto associado com as deformidades.

Segundo o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e AVC dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (Ninds-NIH), algumas crianças acometidas pela anomalia podem ter algum nível de incapacitação. Outras podem se desenvolver de forma similar a outras crianças e ter inteligência normal.

Dados da microcefalia
Recentemente, pesquisadores da Fiocruz do Paraná comprovaram que o zika vírus é transmitido, da mãe para o bebê, pela placenta. Mais de três mil e crianças que foram diagnosticadas com microcefalia.

O último boletim divulgado na quarta-feira (20) pelo Ministério da Saúde mostrou que os casos suspeitos de microcefalia chegaram ao número de 77 no Piauí. O número de óbitos se manteve estável, com uma morte.

Fonte:G1 PI

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