Matéria / Esportes

Pela 1ª vez em 26 anos, Palmeiras joga final sem parceiro que protege o futebol do caos político

04/07/2012 |
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Barcos é um dos símbolos dessa geração que chega à final sem parceria

O Palmeiras disputa na próxima quinta-feira, pela Copa do Brasil, a sua primeira final em quatro anos. Considerando torneios nacionais, a série contra o Coritiba é a primeira decisão em 12 anos. O jejum fica ainda maior se for considerado que esta é a primeira final que o Palmeiras chega desde 1986, quando perdeu o Campeonato Paulista contra a Inter de Limeira, sem precisar do apoio financeiro-gerencial de um parceiro forte.

O tradicional ambiente conturbado nos bastidores do Palmeiras fez com que o time conseguisse ser vitorioso nas últimas décadas apenas quando uma parceira toma conta do departamento de futebol e garante o mínimo de estabilidade e planejamento para a comissão técnica trabalhar.

Foi assim durante toda Era Parmalat, nos anos 1990, e até na final do Paulista de 2008, quando a Traffic investiu em mais um retorno de Vanderlei Luxemburgo ao Palestra Itália. O técnico, no entanto, foi demitido no início do Brasileirão do ano seguinte pelo então presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. A justificativa do antecessor de Arnaldo Tirone foi quebra de hierarquia.

Antes dessas experiências de cogestão do futebol, o sucesso só apareceu no Palmeiras entre a sua fundação e os anos 1970, quando o clube viveu relativa tranquilidade nos bastidores.

Toda o problema interno começou no fim da Era Ademir da Guia, em 1976, quando o então presidente, Jordão Bruno Sacomani, foi acusado de desviar dinheiro do clube para a sua empresa. Alguns defendiam a punição severa, enquanto outros queriam abafar o caso. O impasse nunca foi resolvido, tampouco esclarecido. 

De lá para cá, a formação de grupos no Conselho não parou mais. Pelo contrário: só aumentou, formando um constante debate de interesses particulares entre os conselheiros.

PALMEIRAS E PARMALAT

  • "Naquela época, o Mustafá conseguia resmungar e falar, mas não tinha autoridade para demitir o Luxemburgo. As fofocas ficavam só no corredor do Palestra Itália", lembra Luiz Gonzaga Belluzzo.

“Não podemos deixar o amadorismo agudo em um setor que exige uma gestão tão profissional como é o futebol, sobretudo no vestiário. Os últimos períodos de sucesso foram assim, com uma blindagem que não deixava o futebol sujeito a tudo isso”, analisou o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, que também teve participação na Era Parmalat.

“A minha experiência, apesar de todos os meus erros, é de que é inviável você administrar um clube deste tamanho sendo amador. Pode ter um período de sucesso temporário, mas, a longo prazo, não funciona. Basta ver a fila que ficamos entre 1976 e 1993”, completou.

Nesta quinta-feira, sem Parmalat, sem Traffic, mas com a constante guerra nos bastidores, o Palmeiras enfrenta o Coritiba pela final da Copa do Brasil. O único sinal de profissionalismo no setor é o gerente de futebol, César Sampaio, que é ex-jogador e tem curso para praticar sua função.

Ao lado dele, todos palmeirenses, claro, torcem pela vitória. Mas Belluzzo faz o alerta: a vitória não significa que tudo está perfeito.

“Óbvio que eu torço para o Palmeiras vencer, ser campeão. Mas que essa vitória não esconda nossos problemas. A vitória não pode fazer a vontade de mudar ser esmorecida pelos que hoje estão no poder”, finalizou Belluzzo.

 

Fonte: UOL

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